Revista produzida por jornalistas do Oriente Médio celebra um ano

Árabes, muçulmanos e suas diásporas costumam reclamar – em geral, com toda a razão – da cobertura feita por veículos estrangeiros. Grandes jornais e canais de TV de fora do Oriente Médio têm as suas limitações, incluindo uma longa dificuldade em entender as nuances da região. Existe também um enfoque excessivo em temas como terrorismo e religião, contribuindo à construção de estereótipos.

Nesse contexto, é alegre a celebração do primeiro aniversário da revista New Lines. Produzida em inglês por gente do Oriente Médio ou com excepcional familiaridade com a região, essa publicação tem conseguido trazer complexidade ao debate público. “Profundidade e nuance”, como eles mesmo apregoam no texto de aniversário – além de amplificar as vozes locais, desafiando as narrativas pré-fabricadas.

A equipe inclui nomes de peso como o de Hassan Hassan, especialista em terrorismo e co-autor do best-seller “ISIS: Desvendando o Exército do Terror”. Também faz parte da equipe o jornalista Kareem Shaheen, que foi correspondente do britânico Guardian no Oriente Médio.

A língua inglesa limita, é claro, a audiência da revista. Este Orientalíssimo blog costuma evitar essas sugestões, que não são acessíveis a todos. Mas a consolidação da New Lines é uma boa notícia em si, e o conteúdo vale o esforço da leitura no idioma estrangeiro.

Entre os destaques do primeiro ano da New Lines, compilados pela equipe deles, está uma reportagem sobre o gênero da ficção científica em árabe. A revista também publicou textos relevantes, com furos, como o perfil que Feras Kilani escreveu sobre o novo auto-proclamado califa da organização terrorista Estado Islâmico. Ademais, quem leu o trabalho de Fazelminallah Qazizai no Afeganistão talvez não tenha se surpreendido com o retorno do Talibã no Afeganistão neste ano.