Fotógrafo brasileiro lança livro sobre as suas origens no Líbano

Acaba de chegar às minhas mãos o livro “Deus Também Descansa”, do fotógrafo brasileiro Bruno Bou Haya. Lançado em 2020 pela Vento Leste, o trabalho reúne imagens feitas por Haya durante uma viagem ao Líbano em julho de 2019. O assunto, é claro, interessa e muito a este Orientalíssimo blog, que tem cada vez mais publicado notícias sobre a intersecção entre o Brasil e o Líbano. Lancei em maio o livro “Brimos: Imigração Sírio-Libanesa no Brasil e Seu Caminho Até a Política”.

A avó de Haya migrou do Líbano para o Brasil em 1948. Chegou ao Rio Grande do Sul grávida e, como tantos outros migrantes, trabalhou no comércio. A família teve três lojas no Saara, complexo comercial no Rio de Janeiro equivalente à rua 25 de Março em São Paulo. O fotógrafo cresceu ouvindo as histórias de seus antepassados libaneses. Na busca por uma ideia mais sólida de suas raízes, visitou o vilarejo de Beit Menzer — no nordeste do Líbano, próximo a lugares como Ehden e Bsharri. Sua mãe o acompanhou na jornada de auto-descoberta.

As imagens de “Deus Também Descansa” são um importante material visual para a discussão da história da migração libanesa e seus impactos nas gerações de descendentes. O retorno à terra ancestral é um tema central na história de outros descendentes, que processam suas origens de maneiras diferentes. Um outro modo de entender a origem levantina é a literatura, caso de Milton Hatoum, autor de “Dois Irmãos”. Hatoum também é descendente de migrantes libaneses.

Para além das fotografias feitas em Beit Menzer, Haya inclui alguns valiosos documentos históricos no livro. Aparece, por exemplo, uma imagem de seu tio-avô Youssef recebendo o então senador Juscelino Kubitschek no Líbano em 1961. O livro é acompanhado também de uma reprodução de uma edição do jornal O Cedro,  publicado por libaneses em São Paulo, noticiando a morte de Youssef em 1964.

Imagem de “Deus Também Descansa”, de Bruno Bou Haya. Crédito Divulgação