Autor destrincha o tradicionalismo, que influenciou Olavo e Araújo
A Editora Âyiné publica neste mês o livro “Contra o Mundo Moderno: O Tradicionalismo e a História Intelectual Secreta do Século XX”. Na obra, o historiador britânico Mark Sedgwick destrincha essa escola de pensamento ainda pouco conhecida. O tradicionalismo influenciou figuras como o guru bolsonarista Olavo de Carvalho, o chanceler brasileiro Ernesto Araújo e o estrategista americano Steve Bannon.
A notícia não caberia neste Orientalíssimo blog não fosse a influência do islã e de outras filosofias da cultura árabe no desenvolvimento da escola tradicionalista — uma história que Sedgwick conta no livro. O francês René Guénon, um dos fundadores do tradicionalismo, morreu no Cairo, onde tinha adotado o nome Abd al-Wāḥid Yaḥyā. Já Olavo fez parte nos anos 1980 de uma ordem sufista, nome dado a uma corrente mística do islã. Sedgwick, diga-se de passagem, morou no Cairo. Aos 60 anos, é professor de estudos islâmicos da Universidade Aarhus (Dinamarca) e chefia a Sociedade Nórdica de Estudos Médio-Orientais.
Não vou me alongar na descrição do tradicionalismo. Minha colega Patrícia Campos Mello publicou em abril uma excelente reportagem sobre essa ideia. Ela eplicou, por exemplo, que “os tradicionalistas acreditam que a religiosidade, a espiritualidade, deveria estar no centro da sociedade, em vez da democracia secular, da liberdade de expressão, da igualdade econômica”. Ainda segundo Mello, os seguidores da escola “ressaltam a necessidade de se voltar ao tempo anterior à modernidade, de buscar as religiões não corrompidas”.
Sedwick menciona o Brasil poucas vezes em sua obra. Mas conta em uma nota de rodapé, por exemplo, que foi Fernando Guedes Galvão quem traduziu a obra “Crise do Mundo Moderno” para o português em 1948, um dos clássicos do tradicionalismo. Ele também menciona o papel de Luiz Pontual, que igualmente se envolveu com a escola.