Fotógrafa palestina Ahlam Shibli retrata lar, violência e morte
A ZUM, revista de fotografia do Instituto Moreira Salles, publicou nesta segunda-feira (27) uma extensa entrevista com a renomada fotógrafa palestina Ahlam Shibli. O texto está na versão impressa da edição 180, à venda na internet e em livrarias. Devido à pandemia do coronavírus, no entanto, esse material circula também gratuitamente no site da revista.
O texto foi escrito pela curadora espanhola Gili, que conversou com Shibli sobre temas como lar, violência e morte. “Meu trabalho é, em si, um ato de resistência”, Shibli disse à revista. “Faço fotografias de pessoas a quem é negado o direito de representação e de reconhecimento. Representar esses grupos é um ato de resistência.”
Shibli já expôs seu trabalho em lugares como Barcelona, Paris e Bruxelas. Ela conta à ZUM que uma de suas preocupações é evitar a vitimização das pessoas fotografadas — por exemplo, a população palestina que vive desde 1967 sob uma violenta ocupação militar israelense na Cisjordânia. “O registro fotográfico não deve objetificar e vitimizar ainda mais quem sofre”, diz. “A representação corre o risco de submeter a pessoa fotografada ao olhar objetificador do agente da fotografia. Esse processo é em si um processo de vitimização, que se agrava ainda mais se as pessoas envolvidas já são objeto de submissão.”
Nesse trabalho de representar sem vitimizar, Shibli explica que recorre às legendas. É naquele espaço que ela digere as nuances da vida das pessoas retratadas. É também onde inclui o resultado de seu trabalho de investigação e observação. “As legendas que acompanham as fotos levam a considerar o contexto daqueles que são obrigados pela força hegemônica a agir do modo como agem”, a fotógrafa explica para a entrevistadora. “Os textos dão a ver uma verdade abominável que as forças hegemônicas procuram manter sem visibilidade”, ela diz.