Dezenas de leituras sobre Oriente Médio para estudar na quarentena
Tem gente fazendo pão de centeio, plantando melão e descolorindo o cabelo durante esta longa quarentena. Tem também quem está aproveitando o isolamento social para aprender uma nova língua, um novo instrumento e uma nova posição de ioga. Se você quiser usar este tempo confinado em casa para estudar um pouco mais sobre o Oriente Médio, a revista virtual Jadaliyya recentemente publicou uma extensa lista de artigos acadêmicos. A lista do site infelizmente inclui apenas textos escritos em inglês — mas fiquem à vontade para me enviar um email caso queiram recomendações específicas em português.
A lista da Jadaliyya é temática, o que ajuda quem estiver em busca de pontos de vista diversos sobre um mesmo assunto. Por exemplo, há uma excelente bibliografia sobre protestos curada pelo sociólogo iraniano-americano Asef Bayat. O livro “Life As Politics” (vida como política), de Bayat, é aliás uma excelente opção para entender melhor como as pessoas podem se mobilizar em regimes autoritários. Bayat diz que pequenas ações, como mostrar um pouco do cabelo embaixo do véu no Irã, podem levar a mudanças mais amplas na sociedade.
Ainda falando de movimentos sociais, o cientista político Raymond Hinnebusch compilou uma lista de referências para compreender os protestos na Síria. Os textos que ele sugere explicam, por exemplo, o impacto do islamismo, do sectarismo e da desigualdade social na guerra civil que assola o país desde 2011. Raymond Hinnebusch é uma das grandes autoridades no que diz respeito à política da Síria.
No campo dos estudos de gênero no Oriente Médio, a dica é conferir a lista de leituras curada pela historiadora Judith Tucker — minha professora na Universidade Georgetown. Um dos livros que ela recomenda é “Colonial Citizens” (cidadãos coloniais), de Elizabeth Thompson. É uma obra frequentemente citada nesse campo. Thompson mostra como o mandato francês na Síria e no Líbano, instituído ali depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), lidou com as reivindicações de mulheres e das classes trabalhadoras.