Muçulmanos se preparam para um ramadã em meio à pandemia

Muçulmanos ao redor do mundo contam os dias para o início do ramadã, o seu mês sagrado. A previsão é de que esse simbólico período de festas, cujas datas variam de acordo com o ciclo da lua, comece em 23 de abril — provavelmente, portanto, durante a pandemia do coronavírus. Assim, é bastante provável que muçulmanos tenham dificuldade em celebrar um dos momentos mais importantes do ano.

Muçulmanos celebram o ramadã porque, segundo o islã, foi nesse período que Deus revelou o Alcorão ao profeta Maomé. A comemoração envolve o jejum do nascer ao por do sol. Deixam de beber água, comer, fumar e ter relações sexuais, entre outras abstenções, como maneira de se lembrar do sofrimento dos demais.

O ramadã inclui também uma série de práticas sociais. A refeição antes do início do dia e a quebra do jejum quando anoitece são momentos de confraternização. Também é comum passar a noite na rua, festejando e rezando, e mesmo dormir nos arredores das mesquitas. Com milhões de pessoas em todo o mundo em quarentena ou praticando o distanciamente social, diversos desses rituais terão de ser revistos.

Nesse contexto, o site Middle East Eye publicou nesta segunda-feira (6) um extenso guia detalhando as possíveis mudanças para este ramadã limitado pelo coronavírus. O autor do texto diz, por exemplo, que muçulmanos já estão estocando os ingredientes necessários para as refeições do mês sagrado. Há problemas de abastecimento, com alguns produtos em falta — e a ida ao supermercado é complicada por toques de recolher, como aquele que restringe a saída no Egito das 19h às 6h.

Deve desaparecer, também, a figura típica conhecida como “musaharati”, a pessoa que acorda o bairro tocando uma espécie de tambor para lembrá-los de comer algo antes do nascer do sol. Já as rezas tradicionais de ramadã devem migrar para plataformas virtuais em diversas comunidades muçulmanas, para evitar aglomerações.

O impacto do coronavírus, no entanto, vai depender do quanto cada país e cada comunidade adotar as medidas de distanciamento social. Como no Brasil, há grupos religiosos que desafiam as recomendações médicas de que não se aglomerem — colocando os demais em risco.