Padeiro recria pão do Antigo Egito usando um fermento de 4.500 anos

Se você acha que o seu pão de forma está velho demais porque ficou largado na dispensa por dois dias, pense nisto: um padeiro amador recriou um pão do Império Antigo do Egito (2686 – 2181 a.C). São 4.500 anos de idade — e parece delicioso, a julgar pela descrição dele.

O padeiro é Samuel Blackley, um americano que habitualmente trabalha com videogames e foi um dos criadores do console Xbox. Nas horas vagas, faz pão e estuda história. Segundo o Smithsonian, Blackley teve acesso a um recipiente utilizado para fazer pão no Império Antigo e extraiu um fermento adormecido na cerâmica. Para isso, ele contou com a ajuda da arqueóloga Serena Love, da Universidade de Queensland, e do doutorando em microbiologia Richard Bowman, da Universidade de Iowa. Ainda não é certo, porém, que o pão é realmente histórico. O jornal americano New York Times explica que cientistas trabalham agora para verificar se de fato a levedura extraída da cerâmica era aquela do Império Antigo. Existe a possibilidade, por exemplo, de que a amostra tenha sido contaminada pelo o manuseio.

O time injetou um líquido na cerâmica para despertar a levedura adormecida. Em seguida, Blackley usou a amostra para recriar o pão milenar. Ele descreveu o resultado no tuíte abaixo, que em português diz: “Cheirava tão bem que cortamos antes de estar realmente pronto. É incrível. Os padeiros do Antigo Egito sabiam o que estavam fazendo”.

De acordo com o Smithsonian, humanos fazem pão há pelo menos 30 mil anos, mas só começaram a utilizar levedura há 6.000 anos. A substância sofreu inúmeras modificações no processo — daí a importância do experimento de recriar este pão. Para chegar ao mesmo resultado dos antigos egípcios, Blackley utilizou ingredientes comuns do período, como cevada e um tipo de trigo ancestral.

“Aquela foi uma grande civilização de tradição gastronômica. O faraó era o imperador de toda a terra conhecida”, disse Blackley. “Agora podemos recriar seus métodos e compartilhar o pão com eles.”