Líbano quer proibir filme brasileiro ‘Tinta Bruta’, de tema LGBT

Em meio a uma recente onda de censura, autoridades libanesas estudam proibir o filme brasileiro “Tinta Bruta” de ser exibido no país. O escritório oficial de censura pediu que o longa — de temática LGBT — seja banido porque “promove a homossexualidade”, segundo a organização de defesa da liberdade de expressão SK Eyes. A decisão depende do aval do Ministério do Interior. Procurado pela Folha, o órgão oficial de censura confirmou as informações.

“Tinta Bruta” conta a história do protagonista Pedro, que faz shows eróticos na webcam sob o codinome de Garoto Neon. O longa foi dirigido por Filipe Matzembacher e Marcio Reolon. No Festival de Berlim do ano passado, recebeu o troféu Teddy, que celebra as produções LGBT. O filme também recebeu loas durante o Festival do Rio, com os prêmios de melhor filme, roteiro, ator e ator coadjuvante.

Segundo o SK Eyes, a ordem para censurar “Tinta Bruta” foi feito em 15 de julho. Além do longa brasileiro, o governo quer proibir também o filme “Missão Síria”, sobre uma operação israelense em Damasco. 

O Líbano vive um período de cerceamento à liberdade de expressão. Ativistas foram detidos nos últimos anos devido a publicações críticas ao governo em redes sociais. No ano passado, o governo proibiu o filme de terror “A Freira” por ofender o cristianismo. Em abril, o show da banda brasileira Sepultura foi cancelado por essa mesma razão.

Mais recentemente, a banda Mashrou’ Leila, cujo líder é abertamente gay e defende os direitos LGBT e das mulheres, tem sofrido ataques e ameaças — a igreja católica local pede que um show deles seja cancelado porque as canções supostamente são contrárias à religião.