Cantora Caro Ferrer lança álbum sobre a influência árabe no Nordeste
A cantora Caro Ferrer, 44, recentemente lançou seu quarto disco, “Brisa Mourisca”, pensando no quão árabe é, afinal, o Nordeste brasileiro. A artista carioca radicada em Paris misturou, em seu disco, a percussão nordestina aos instrumentos típicos do Oriente Médio.
Segundo uma entrevista que ela concedeu à Anba (Agência de Notícias Brasil-Árabe), Ferrer formulou esse projeto ao constatar a importância da influência dos “mouros” — como os árabes eram chamados na península Ibérica — quando os portugueses chegaram ao Brasil.
Ela diz que o impacto no Nordeste está relacionado, por exemplo, ao modo de vibrar as cordas dos instrumentos musicais. “Quando você escuta Elba Ramalho e outros cantores, eles têm um vibrato que na música do Sudeste não tem. Outro exemplo é o Zé Ramalho, que fica entre o cantar e o falar. O repente é completamente árabe de origem.”
Ferrer nasceu no Rio, morou em Natal e Fortaleza e agora vive em Paris. Recentemente concluiu ali um mestrado em literatura e civilização brasileira, feito na Universidade Paris Ouest — Nanterre. Sua pesquisa estava centrada na música nordestina. Vem daí, em parte, sua constatação da importância do “mouro” para aquela região.
A política também motivou seu novo projeto. Vivendo na França em uma época de migrações em massa vindas de países árabes, em especial da Síria, Ferrer testemunhou o crescimento do preconceito e de movimentos contrários à presença daqueles estrangeiros ali. Falar dos árabes no Nordeste, de certa forma, era falar também da França.
Por ora, os brasileiros interessados no projeto de Ferrer só podem ouvir a música dela a distância, por plataformas de streaming. A turnê segue apenas pelo território francês, sem planos de ir ao Brasil.
Ao Diário de Pernambuco, disse: “Gostaria de apresentar o projeto em Natal e Fortaleza, em que vivi, e conhecer o Recife. Um artista que me inspira muito é pernambucano, o Alceu Valença. Sou fã desde criança e, depois de estudar mais, acho que talvez ele seja um dos maiores mouros dos compositores nordestinos, ao lado do Zé Ramalho”.