Egito pede relatório sobre a coleção destruída no Museu Nacional

Com as primeiras estimativas de que o incêndio de domingo (2) no Museu Nacional destruiu quase todo seu acervo, está confirmada a devastação de uma de suas mais importantes coleções: as 700 peças que remontavam ao Antigo Egito. Acompanhando a crise, o Ministério de Antiguidades do Egito pediu que  a chancelaria do país prepare um relatório detalhado da condição dos artefatos do museu. “Sentimos uma profunda tristeza pelo que aconteceu”, afirmou Mostafa Waziri, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, segundo o jornal Al-Ahram. Ele ofereceu apoio para restaurar as peças.

O Museu Nacional, no Rio, provavelmente perdeu todas as suas valiosas múmias, incluindo a apelidada “princesa do Sol”, um raro exemplar com todos os dedos enfaixados individualmente. Sumiu também o sarcófago da dama Sha-Amun-Em-Su, que viveu entre os século 9° a.C e 8° a.C, outra peça única — era um dos poucos no mundo que nunca tinham sido abertos. O site do Museu Nacional tem uma extensa lista do que era a maior coleção desse tipo em toda a América Latina.

Sarcófago da dama Sha-Amun-Em-Su. Crédito Reprodução

As peças egípcias tinham chegado ao museu, em sua maioria, no início do século 19. Eram propriedade do explorador italiano Giovanni Battista Belzoni, acumuladas em suas escavações na necrópole de Tebas. Foram compradas pelo imperador Dom Pedro 1°. Seu filho, Dom Pedro 2°, expandiu o acervo ao recolher outros valiosos artefatos em suas viagens ao Egito no final daquele século. O caixão de Sha-Amun-Em-Su, por exemplo, foi um presente do líder egípcio Ismail Pasha.

Segundo o Museu Nacional, a coleção começou a ser estudada no início do século 20. Fotografias das estelas foram enviadas aos organizadores de um dicionário hieroglífico de Berlim e traduzidas ao alemão em 1919 por H. Grapow. Foram estudadas também por Alberto Childe durante a pesquisa para escrever seu Guia das Coleções de Arqueologia Clássica.