Conheci Ibrahim Ghunaim, 26, há cinco anos quando cruzávamos a fronteira entre Israel e a faixa de Gaza. No início de sua carreira, já era um dos principais nomes do rap palestino. Cantava com o codinome de MC Gaza. Mas bastante coisa mudou nesta meia década. Perseguido pela facção radical Hamas, que governa a faixa, Ghunaim está exilado na Tunísia. Tenta gravar seu novo álbum — e pede contribuições.

MC Gaza abriu uma página de financiamento no site GoFundMe, onde ele quer arrecadar US$ 15 mil (R$ 55 mil) para os custos de produção e divulgação. “Minha vida ainda está mudando e preciso do seu apoio para seguir adiante”, escreveu. Também nas palavras desse rapper:

Para a minha sorte e o meu azar, estou apaixonado pelo rap. Aprendi sozinho a escrever sobre o que eu pensava. Relutava em cantar e sentia timidez. A vida em Gaza é bastante conservadora e não há espaço para a arte. Fui exposto a diversas situações difíceis que poderiam derrotar um sonhador, mas nunca fui derrotado. Sempre fui ridicularizado quando dizia que era um rapper, e ouvia risadas sarcásticas e comentários de pessoas surpreendidas. Depois de tentar organizar minhas próprias apresentações, percebi que seria impossível continuar na faixa de Gaza devido aos altos custos e ao medo do público de assistir a um show de rap. A possibilidade de ser preso pelo governo está sempre presente.

MC Gaza canta, em geral, sobre as agruras da vida na faixa de Gaza, um estreito e paupérrimo território cercado por Israel e Egito e castigado por bombardeios aéreos. Com uma verve política, ele costuma tratar dos embates entre palestinos e israelenses. Este é seu vídeo mais recente, gravado em abril passado durante os conflitos na fronteira: