Turista libanesa é condenada à prisão por criticar o Egito em vídeo

Diogo Bercito

A turista libanesa Mona el-Mazboh, 24, não teve uma boa experiência no Egito. Assediada sexualmente e descontente com o estado da nação, que passa por uma severa crise econômica, ela gravou um vídeo descrevendo seu destino de férias como “um país filho da puta”. As imagens circularam rapidamente pelas redes sociais, incomodando as autoridades egípcias. Ela foi presa no aeroporto quando tentava voltar ao Líbano. No final de semana, foi condenada a oito anos de prisão.

No vídeo original, com dez minutos de duração, Mazboh reclamava do assédio dos taxistas e do serviço ruim nos restaurantes. Ela também dizia ter sido roubada em outra passagem pelo país. Para a Justiça, a mensagem feriu a sociedade egípcia e espalhou falsos rumores sobre ela. Segundo a agência de notícias Reuters, há uma audiência prevista para o dia 29 para rever o caso. A defesa vai alegar que Mazboh é diagnosticada com depressão e incapacidade de controlar sua raiva.

Em um segundo vídeo, entre a controvérsia e a detenção, a turista libanesa já havia se desculpado pelas críticas ao Egito. As imagens estão abaixo, em árabe. Mazboh diz, por exemplo, que sua mensagem inicial era destinada apenas aos amigos, e não a um público amplo. Mas o pedido de desculpas não convenceu o governo nem as hordas de egípcios que foram às redes sociais para criticá-la e pedir sua prisão.

A lei egípcia prevê o crime de “difamar e insultar o povo”, pelo qual a libanesa foi condenada. É um exemplo, para os defensores dos direitos humanos no país, do crescente autoritarismo do presidente Abdel Fattah al-Sisi, que chegou ao poder após um golpe militar em 2013. No ano passado, uma cantora foi condenada ali por criticar o rio Nilo. Já a ativista egípcia Amal Fathy foi detida em maio após denunciar um caso de assédio sexual — um grave problema social no Egito, como o autor deste Orientalíssimo blog descreveu em uma reportagem de 2016.