No mês do ramadã, agricultoras turcas trabalham em jejum; veja fotos

O mês sagrado do ramadã terminou no último dia 15 com o tradicional festival do Eid al-Fitr, que durou três dias. Muçulmanos encerraram, portanto, um duro período de jejum que consideram como um dos pilares de sua religião. O fotógrafo brasileiro Ian Cheibub, que passa uma temporada na Turquia, acompanhou agricultoras na cidadezinha do Serik –trabalhando a terra sem poder comer ou beber do nascer ao por do sol. A convite deste Orientalíssimo blog, ele narra a experiência e divide as fotos que tomou nas últimas semanas, registrando o “oruç”.

Ian Cheibub
SERIK Em Serik, uma pequena cidade a 40 quilômetros de Antália, no sudoeste da Turquia, a agricultora Aysun Ozbek, 50, é uma das poucas camponesas de sua região que faz o “oruç” (jejum, em turco) no ramadã. No mês sagrado dos muçulmanos, que celebram a revelação do Alcorão no calendário islâmico, ela não come nem bebe, nem mesmo água, durante o dia. É um momento de reflexão e purificação.

A senhora, que neste ano completa 40 anos de “oruç” no ramadã, planta pimenta, pimentão e tomates em suas cinco estufas durante a primavera na Turquia. Com o verão se aproximando, o calor muitas vezes torna o trabalho na estufa inviável, fazendo com que Ozbek reduza pela metade –de oito para quatro– as horas em que trabalha.

Os dias em Serik são bastante longos durante o fim da primavera. No 26° dia de ramadã, havia luz desde as 5:37 da manhã até as 20:18. “É um mês difícil, mas muito importante pra nós. Por isso nos programamos antes, para o trabalho não ficar muito exaustivo”, a agricultora explica com um imenso sorriso no rosto. A refeição ao por do sol, conhecida como “iftar”, é a melhor parte do dia para Ozbek. Ela conta, orgulhosa, que já leu o alcorão em árabe incontáveis vezes. “É o livro sagrado. Todo muçulmano deveria saber ler as palavras que o profeta escreveu.”

Após o “iftar”, Ozbek estende o tapete no chão da sala e faz a última das cinco orações diárias dos muçulmanos. Vai então dormir, para acordar às 3h, alimentar-se antes de o sol nascer e repetir tudo novamente no dia seguinte. O que às vezes pode soar como um processo doloroso e exaustivo, é para essa agricultora um motivo de orgulho e gratidão.