Universitários libaneses constroem trirreme feito de garrafas PET
Em uma campanha de conscientização ambiental, estudantes da Universidade Americana do Líbano apresentaram na semana passada um barco fenício construído com 50 mil garrafas de plástico. Em sua viagem inaugural, o navio foi do porto histórico de Biblos até a capital, Beirute. Os alunos, assessorados pela ONG Chreek, moldaram a embarcação a partir dos tradicionais trirremes fenícios, utilizados naquelas costas e também na Grécia durante a Antiguidade.
O trirreme dos universitários tem 13 metros de comprimento e 4 de largura. Segundo a ONG, foram necessários meses para recolher as 50 mil garrafas com que construíram o navio —mas essa cifra representa apenas 10% do uso diário do país. O Líbano, ademais, passa por uma severa crise na coleta e armazenamento de seu lixo, com as autoridades já sugerindo enterrar o excedente embaixo do mar.
A organização Chreek pede agora que as prefeituras do país disponibilizem terrenos públicos para a construção de centros de reciclagem. O plano, segundo a revista 961, é oferecer programas de emprego a ex-presidiários, hoje desamparados pelo governo.
A escolha de um barco fenício, no entanto, volta a tocar em um embate cultural no país. Grupos cristãos enfatizam há décadas essa identidade específica, anterior à chegada dos árabes muçulmanos no século 7, como maneira de estabelecer uma identidade nacional distinta daquela dos seus vizinhos. O fenômeno tem até nome: fenicianismo.
A Fenícia, que teve seu apogeu no Mediterrâneo entre os séculos 13 e 9 a.C, é conhecida hoje por sua contribuição à invenção do alfabeto e ao desenvolvimento de embarcações –mas de cedro, e não de plástico.