Inaugurando campanha internacional, Boulos acena aos palestinos

Guilherme Boulos, pré-candidato do PSOL à Presidência, deixou para trás os atritos políticos brasileiros e viajou no mês passado a uma terra de embates outros: Israel e Palestina. De 27 a 30 de abril, o coordenador do MTST (Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto) inaugurou no Oriente Médio a perna internacional de sua campanha — insistindo em uma mensagem de solidariedade ao povo palestino.

A escolha do destino coincide com o posicionamento do PSOL e do MTST, críticos ao Estado de Israel e à ocupação da Cisjordânia. A Cisjordânia foi tomada em 1967 durante a Guerra dos Seis Dias, e a continuidade da presença israelense ali desafia o consenso internacional. O partido apoia, de acordo com uma resolução recente, os controversos movimentos de BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções). Essa postura –desafiada internamente por algumas correntes– leva a sigla a um conflito com parte da comunidade judaica no Brasil (uma federação já pediu a desfiliação de judeus do PSOL).

Em uma declaração encaminhada a este Orientalíssimo blog, Boulos descreveu sua viagem e reiterou sua intenção de “levar a questão palestina à nossa campanha no Brasil”. A luta, disse, é internacional.

Nós queríamos garantir que a primeira viagem internacional de nossa campanha presidencial fosse em solidariedade ao povo palestino. Nestes dias de viagem pude ver de perto a segregação adotada por Israel: muros, demolições ilegais, restrições ao movimento dos palestinos e leis discriminatórias. Fiquei especialmente chocado com o que vi em Hebron. Quando caminhava por lá, vi um jovem palestino ser preso sem nenhuma razão pelo Exército israelense, e dezenas de jovens colonos israelenses saíram de sua escola para celebrar a prisão. Mais do que nunca, tenho a responsabilidade de levar a questão palestina à nossa campanha no Brasil. Especialmente considerando que nosso país é o quinto maior importador de armas israelenses no mundo, as quais são utilizadas contra a população pobre e negra brasileira. Como a Anistia Internacional destacou, temos que revisar nossos laços militares com Israel. A luta palestina por direitos humanos é uma luta internacional.

Boulos foi acompanhado pelo presidente do PSOL, Juliano Medeiros, e por um representante da secretaria de relações internacionais do partido, Fred Henriques. O roteiro incluiu regiões como o vale do Jordão, Belém, Hebron e Ramallah. O pré-candidato se reuniu com o pai de Ahed Tamimi, a ativista adolescente palestina recentemente condenada à prisão por Israel — e também com lideranças LGBT e com um grupo de hip-hop. Pedro Charbel, uma das cabeças do BDS latino-americano, acompanhou a comitiva. O pré-candidato Boulos também esteve com grupos judeus de esquerda e visitou o Yad Vashem, o memorial dedicado aos 6 milhões de judeus vítimas do Holocausto.