O presidente palestino, Mahmoud Abbas, enfrenta uma de suas crises externas mais graves desde que chegou ao poder em 2005. Em discurso ao Legislativo palestino, esse líder de 82 anos relacionou o “papel social” dos judeus aos massacres que sofreram na Europa — incluindo o Holocausto, em que 6 milhões deles foram mortos.

“O ódio contra os judeus não existiu por causa de sua religião, mas por sua função social. A questão que se espalhou contra os judeus pela Europa não foi devido à sua religião, mas devido à usura e aos bancos”, segundo Abbas. “A narrativa de que eles vieram a este país devido a sua busca por Sião ou o que quer que seja — nós estamos cansados de ouvir isso. A verdade é que aquela foi uma empreitada colonialista.”

Israel, EUA, União Europeia e ONU criticaram duramente as declarações, e o jornal americano New York Times publicou na quarta-feira (2) um contundente editorial pedindo a renúncia de Abbas. “Fomentando mitos antissemitas e teorias da conspiração, o presidente palestino perdeu toda a sua credibilidade como parceiro confiável”, escreveu o diário. “Seu discurso vil foi um novo ponto baixo. Ao sucumbir a instintos tão sombrios e corrosivos, ele demonstrou que é chegada a hora de deixar seu posto. Os palestinos precisam de um líder com energia, integridade e visão, alguém que tenha mais chances de conseguir a independência e permitir que os dois povos tenham paz.”

O vídeo abaixo compila trechos do discurso, com legendas em inglês.

Em defesa de Abbas, o negociador-chefe palestino Saeb Erekat afirmou que as palavras do presidente foram distorcidas. “Ele não negou os massacres aos quais os judeus foram submetidos, incluindo o Holocausto. Ele frequentemente ressaltou seu respeito pela religião judaica. Nosso problema é com quem ocupa a nossa terra”, disse.