Historiador iraquiano convida especialistas para visitar Mossul

RSVP. Um historiador convida especialistas no Oriente Médio para visitar sua universidade em um futuro próximo. O endereço: Mossul.

Omar Mohammed fez na segunda-feira (30) esse convite em sua conta na rede social Twitter, com a expectativa de criar uma rede de especialistas. O objetivo, como em outras de suas campanhas, é contribuir para a reconstrução de Mossul — que até recentemente era o principal bastião da organização terrorista Estado Islâmico (este Orientalíssimo blog esteve naquela cidade em dezembro passado).

O convite traz o peso do nome de Mohammed, hoje uma das referências para quem acompanha o dia a dia de Mossul. Ele é o autor do popular blog Mosul Eye, onde por dois anos circularam algumas das poucas informações confiáveis sobre a cidade e o conflito. Mohammed a princípio escrevia sob anonimato, por questões de segurança, mas revelou sua identidade há alguns meses. Tem 31 anos e mora ali.

A publicação mobilizou acadêmicos. Pouco depois, dois deles já haviam escrito ao historiador. Ele comentou, em inglês, que “precisamos de mais estudiosos, orientalistas, pesquisadores que realmente possam entender a situação”. E se desculpou também: “Caros jornalistas, não me levem a mal, muitos de vocês fizeram um ótimo trabalho. Mas muitos outros criaram um grande desentendimento sobre Mossul.”

Alguns professores aceitaram o convite para viajar à cidade e se disponibilizaram também para contribuir com o ensino ali . É o caso desta mensagem reproduzida pelo historiador, em inglês: “Estou incrivelmente interessado em visitar a Universidade de Mossul e também vir lecionar de maneira voluntária por algo como um mês.”

A rede de especialistas se internacionalizou, com propostas vindas não só dos EUA e de países europeus, mas também de outras praças — como a Universidade de Hong Kong. “Seria um imenso prazer”, escreveu um estudioso dali, segundo diz o historiador iraquiano.

Alguns dos convidados divulgaram eles próprios a sua participação, escrevendo mensagens em suas contas na rede social Twitter. Foi o caso de Paul Cooper. “Todo acadêmico que queira ajudar a universidade a se reerguer precisa entrar em contato com o Omar.”

Ruínas em Mossul. Crédito Diogo Bercito – dez.2018/Folhapress