2 canções para ouvir no aniversário de 70 anos de Israel
Israel celebra na noite desta quarta-feira (18) seu 70° aniversário, uma data lembrada por israelenses como um milagre — e por palestinos como uma catástrofe. Este Orientalíssimo blog, que esteve em Jerusalém, conversou recentemente com o renomado historiador israelense Benny Morris. O autor descreveu aqueles eventos de 1948 como uma “revolução” para a história moderna do Oriente Médio.
Há uma série de entraves para a paz entre israelenses e palestinos, mas uma das questões mais sensíveis é o futuro de Jerusalém. A cidade é reivindicada por ambos os lados como sua capital. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alimentou a discórdia ao anunciar a transferência da embaixada americana para aquele disputado local.
Lendo a obra “A Concise History of a Nation Reborn” (uma história resumida de uma nação renascida, em inglês), de Daniel Gordis, este blog se deparou com uma interessante perspectiva cultural ao embate sobre Jerusalém. Gordis narra como duas canções foram escritas sobre a cidade em 1967, apresentando duas abordagens bastante distintas.
JERUSALÉM DE OURO
A canção “Yerushalaim Shel Zahav” (Jerusalém de ouro, em hebraico) foi composta por Naomi Shemer meses antes da Guerra dos Seis Dias, quando Israel conquistou a porção leste da cidade — onde estão locais sagrados ao judaísmo, como o Muro das Lamentações. Essa obra se tornou uma espécie de hino não oficial do país e serviu de incentivo aos soldados que lutavam por sua conquista. A letra exalta uma “Jerusalém de ouro, de luz e de bronze” e diz: “Seu nome queima meus lábios como o beijo de um serafim”. Shuli Natan canta no vídeo abaixo, e há também uma curiosa versão pelo brasileiro Roberto Carlos, em português. A letra em hebraico e em inglês está disponível neste link.
JERUSALÉM DE FERRO
Em resposta à “Jerusalém de Ouro” de Naomi Shemer, um paraquedista envolvido nos conflitos escreveu uma “Jerusalém de Ferro”. O ritmo é o mesmo, mas a letra tem um quê de pessimismo. O trabalho, assinado por Meir Ariel, foi bastante popular naquele período e serviu como uma espécie de canção de protesto à violência da guerra (apesar de o autor ter décadas depois renunciado ao trabalho). Meir fala, na música, sobre como “nós viemos para ampliar suas fronteiras e vencer o inimigo”. Ele narra um batalhão coberto por sangue e fumaça — “então uma mãe veio, e outra mãe, na congregação do luto”. A letra completa em hebraico e inglês está neste link. O som está neste vídeo abaixo: