Stephen Hawking é lembrado por ter apoiado palestinos

O físico Stephen Hawking, morto na madrugada de quarta-feira (14), é lembrado no Oriente Médio não apenas por suas pesquisas sobre os buracos negros. Ele deixou rastros naquela região ao explicitamente apoiar as populações palestinas e sírias, em tempos de conflitos.

Em 2013, o autor de “Uma Breve História do Tempo” boicotou uma prestigiosa conferência em Israel patrocinada pelo então presidente Shimon Peres. Ele justificou sua ausência à ocupação israelense de territórios palestinos como a Cisjordânia. O boicote –um dos mais emblemáticos das últimas décadas– até hoje incomoda o governo israelense. Mais recentemente, Hawkings promoveu uma campanha para financiar um curso de física voltado a estudantes palestinos.

Ilustração do brasileiro Carlos Latuff sobre o boicote de Hawking. Crédito Reprodução/Twitter

O boicote a Israel, no entanto, é bastante controverso, mesmo entre quem é crítico ao governo do premiê Binyamin Netanyahu. Um dos principais argumentos contra a prática (conhecida pela sigla BDS) é de que o isolamento de um país é prejudicial ao debate intelectual.

A carta enviada por Hawkings em 2013 explicava suas razões:

Aceitei o convite à conferência presidencial com a intenção de que isso não apenas permitisse que eu expressasse minha opinião sobre as perspectivas de um acordo de paz, mas também me deixasse lecionar na Cisjordânia. Mas recebi diversos e-mails de acadêmicos palestinos. Eles foram unânimes na opinião de que eu deveria respeitar o boicote. Diante disso, sou obrigado a me retirar da conferência. Se eu participasse, daria minha opinião de que a política do governo israelense atual provavelmente levará a um desastre.

Essa foi uma das histórias mais lembradas durante o dia, enquanto a imprensa médio-oriental noticiava sua morte. A rede Al Jazeera, por exemplo, publicou um artigo sobre “como Stephen Hawking apoiava a causa palestina”. Em uma entrevista a esse canal de televisão em 2009, por ocasião de uma guerra na faixa de Gaza, Hawkings disse que “um povo sob ocupação continuará a resistir de qualquer maneira que puder”. “Se Israel quiser a paz, terá de conversar com o Hamas.”

O site britânico Middle East Eye fez um registro semelhante, compilando também os momentos em que o físico se lembrou da guerra civil síria e da invasão do Iraque. Em uma campanha de 2014 com o Save the Children, ele disse: “O que está acontecendo na Síria é uma abominação a que o mundo está assistindo a distância. Temos que trabalhar juntos para encerrar esta guerra e proteger as crianças.”