Empresa falsa oferece aluguel de homens armados para casamento no Líbano
Um estande roubou a atenção durante uma feira de noivas em Beirute no mês passado. Competindo com arranjos de flores e cabeleireiros, a empresa Eleguns oferecia seu próprio serviço: homens armados para descarregar fuzis contra o céu durante a festa — uma tradição ilegal, mas persistente no Líbano, onde ainda deixa mortos apesar da pena de até três anos de cadeia.
O primeiro passo, no site da firma, é escolher o atirador. Por exemplo, a atraente Hala, 31, custa US$ 300. Em seguida, é preciso eleger a arma. Um fuzil AK-47 com 200 disparos sai por US$ 300. Por fim, o uniforme. Vestimentas tradicionais libanesas encarecem o serviço em US$ 200. Tudo “perfeitamente planejado” e “executado de maneira bela”, segundo a página da empresa.
Ao encerrar a compra a Eleguns informa o preço final: a vida de amigos e de membros da família.
A tenda da Eleguns, afinal, era um embuste. A empresa falsa era uma campanha da ONG local Movimento Paz Permanente. Depois de oferecer o serviço aos casais interessados, a organização lhes explicava o risco da prática e pedia que assinassem um termo se comprometendo a não contratar atiradores para sua festa, uma tradição relacionada a demonstrações de poder no Líbano.
Disparar armas para cima em celebrações pode levar a de seis meses a três anos de detenção. A pena sobe para até dez anos de cadeia, caso alguém morra como resultado dos tiros, informa o jornal “Annahar”. A campanha, segundo Fadi Abi Allam, presidente da ONG, foi pensada para “fazer com que as pessoas conversem sobre esses perigos e modifiquem seu comportamento”.
O governo tem insistido nessa mesma mensagem, com campanhas nas redes sociais pedindo para que a população identifique os disparos feitos em festas e ajude as forças de segurança a punir os responsáveis. “Queremos lembrar as pessoas de que casamentos e outras ocasiões festivas devem ser mantidas a salvo das armas de fogo, que podem transformar um momento feliz em desespero.”