Fotógrafa explora a ideia da masculinidade árabe
O estereótipo do que é uma mulher árabe é claro: ela é coberta por véus, recatada e do lar, com um olhar algo misterioso. Mas os homens também não escapam do preconceito, dentro e fora de suas sociedades. Há uma imagem bastante definida de que a masculinidade árabe é uma coisa bruta e possivelmente violenta. Árabes são retratados de barba escura, olhar agressivo, nariz adunco — por vezes, aparecem com uma bomba amarrada no corpo, como um terrorista prestes a explodir.
São ideias que a fotógrafa francesa Scarlett Coten tenta desfazer com a série “Mectoub”, em que registrou homens árabes de 2012 a 2016 em países como Egito, Líbano e Marrocos. O título mescla a palavra árabe “maktub” (está escrito) e com a gíria francesa “mec” (um cara). São imagens variadas, algumas delas alinhadas ao estereótipo e outras radicalmente opostas a ele. Uma das fotografias, por exemplo, mostra um homem coberto de brilhantes e escondendo o rosto.
As imagens mais hipnotizantes no projeto são aquelas em que os homens aparecem com traços considerados femininos em sua cultura. Ela disse à rede CNN que essa não era a intenção do projeto. Seu objetivo era que eles estivessem vulneráveis. “Olhar alguém diretamente nos olhos nos coloca em uma situação de vulnerabilidade, e portanto mais próximos do que somos de verdade.”
A fotógrafa francesa Coten explicou a sua proposta em um artigo recente, em que escreveu:
Busco estranhos e peço que posem a retratos. Quando eles concordam, eu os removo das pressões e expectativas sociais. A ideia é criar um espaço de intimidade em que eles possam se sentir relaxados. Eu os deixo livres para revelar algo de dentro deles: sua personalidade, sensibilidade, fragilidade ou sensualidade.
Não é só a feminilidade que desafia os estereótipos de homem árabe, inclusive dentro de suas sociedades. A tatuagem de diversos deles, registradas por Coten, são também consideradas inadequadas para a tradição islâmica. “Elas existem, mas discretamente, a portas fechadas, e funcionam como um símbolo de revolta e liberdade”, a fotógrafa disse ao jornal “Guardian”.