Barbie veste o véu islâmico pela primeira vez

A Barbie demorou quase seis décadas, desde seu surgimento em 1959, mas nesta semana ela vestiu pela primeira vez o véu islâmico. Uma versão comemorativa da boneca foi lançada em homenagem à esgrimista americana Ibtihaj Muhammad, que representou os Estados Unidos na Olimpíada do Rio em 2016. Ibtihaj foi naquele ano a primeira esportista americana a competir com o “hijab”.

O véu islâmico tem sido progressivamente aceito pelo “mainstream” nestes últimos anos. O tecido já enfeita modelos na passarela, por exemplo, e recentemente entrou para o repertório de “emojis” nos smartphones. A integração significa que mulheres como Ibtihaj podem se enxergar, por exemplo, nas bonecas com que brincam durante a infância. A esgrimista escreveu sobre isso:

A tradução da mensagem dela: “Obrigado Mattel por me anunciar como o membro mais novo da família #Shero da Barbie! Estou orgulhosa de saber que garotinhas em todos os lugares agora podem brincar com uma Barbie que escolhe vestir o ‘hijab’! Esse é um sonho de infância realizado”.

A Barbie de Ibtihaj integra a linha Shero, que ela menciona em sua mensagem. É uma coleção inspirada por heroínas –daí o nome, que brinca com o termo em inglês “hero” e o pronome feminino “she”. “Ibtihaj é uma inspiração para um sem número de garotas que nunca se viram representadas”, disse Sejal Shah Miller, vice-presidente de marketing da Barbie, em uma nota.

Em entrevista à “Billboard”, Ibtihaj celebrou o lançamento de sua boneca. Ela afirmou:

Minha mãe fazia um esforço para comprar bonecas que tivessem a pele escura, porque ela queria que nós tivéssemos essas imagens dentro de casa que nos representassem e nos fizessem sentir incluídas. Acho que ter uma boneca que além disso é uma Barbie muçulmana com o “hijab” é algo revolucionário.

Um dos problemas em torno do véu islâmico é justamente a falta de representação. Mulheres como Ibtihaj por vezes crescem sem se enxergar nos cartazes dos filmes, nas capas das revistas ou em seus brinquedos. Mas a questão é um pouco mais complicada, porque o “hijab” é também considerado por seus críticos como um símbolo da opressão da mulher. Recentemente conversei com a feminista egípcia Nawal El Saadawi sobre esta questão. “Não sou enganada pela falsa noção de que as mulheres são livres para escolher cobrir-se ou despir-se. As mulheres são obrigadas pela má educação, desde a infância, a se vestir ou se desvestir de acordo com diferentes slogans”, disse.