Garoto saudita é detido por dançar a Macarena

Diogo Bercito

A polícia da Arábia Saudita anunciou a detenção de um garoto de 14 anos por ter parado o tráfego dançando a Macarena, segundo uma reportagem publicada nesta terça (22) pelo MiddleEastEye. A coreografia, um clássico dos anos 1990, foi registrada em uma avenida movimentada de Jidda.

O vídeo já tinha circulado no ano passado, antes de ser removido. Mas o frenesi da internet garantiu sua sobrevida, irritando as autoridades sauditas — país árabe em que a moralidade é policiada e punida. Naquele ambiente repressivo, o garoto foi louvado por usuários da rede social Twitter, como o saudita Ahmed Al Omran, que foi correspondente do “Wall Street Journal”. Ele escreveu que “o menino dançante de Jiddah é o herói de que precisamos”. O tuíte inclui o vídeo de 45 segundos.

O heroísmo está em dançar nas ruas de um país conhecido pela interpretação radical do islã, conhecida como wahabismo. Essa crença está na base de organizações terrorista como a Al Qaeda e o Estado Islâmico, que reivindicou o ataque da semana passada à Espanha, como lembra o jornal “El Mundo”. A ação foi elogiada, escreve Francisco Carrión, por ter sido realizada “em uma terra presa à uma tradição que proíbe a dança e o cinema e condena as mulheres a viver uma eterna infância”.

Setores mais conservadores aproveitaram este episódio para exigir o reforço da polícia moral, uma entidade que tem sido desmobilizada pela monarquia saudita. Não que falte repressão ao país — o popular cantor Abdallah al-Shaharani foi detido recentemente ao fazer o passo do “dab”, criado nos EUA há três anos, que consiste em deixar a cabeça cair ao lado enquanto ergue um braço na diagonal. Shaharani pediu desculpas ao “honrado governo e ao rei” por seu gesto.

Shaharani aparentemente não tinha recebido o informe oficial proibindo o “dab”. O  movimento, diz o texto reproduzido abaixo, está relacionado ao consumo ilegal de drogas como a maconha.

Informe contra o “dab”, relacionado ao uso de drogas. Crédito Reprodução