3 vezes em que um filme árabe venceu em Cannes

A 70ª edição do Festival de Cannes abriu sua programação nesta quarta-feira (17), relata o repórter da Folha Guilherme Genestreti, e títulos produzidos no Oriente Médio concorrem aos troféus. “In the Fade”, do diretor turco Fatih Akin, foi nomeado à Palma de Ouro, principal prêmio em Cannes. Na categoria Un Certain Regard, a obras menos tradicionais, concorrem o iraniano “Dregs” e o argelino “Until the Birds Return” — o egípcio Mohammed Diab é um jurado.

As palmas serão entregues durante o evento, que se encerra no dia 28. A disputa será marcada, no meio-tempo, pela política. A ministra israelense da Cultura, Miri Regev, participou da abertura com um vestido estampado por uma fotografia de Jerusalém. A cidade é disputada por Israel e pela Palestina e, para parte do mundo, foi ocupada de maneira ilegal. Houve repúdio em diversos países árabes. Em Israel o jornal “Haaretz” referiu-se à peça como “agressiva e colonialista”.

Como lembra Rayana Khalaf neste texto, cineastas árabes têm um longo histórico de sucesso em Cannes desde a primeira edição, em 1946. O Egito foi o primeiro país a ser representado no festival — o diretor Youssef Wehbi fez parte do primeiro júri e “Dunia”, de Mohammed Karim, foi exibido durante a estreia. A maior parte das produções premiadas tinha enfoque nos conflitos regionais.

Com base na lista de Khalaf, este Orientalíssimo blog relembra abaixo três dos premiados.

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CRÔNICA DOS ANOS DE FOGO (1975), PALMA DE OURO
Filme de Mohammed Lakhdar-Hamina, foi o primeiro árabe a receber o prêmio. O filme narra a guerra de independência argelina, encerrada em 1962, vista pelos olhos de um camponês.

INTERVENÇÃO DIVINA (2002), PRÊMIO DO JÚRI
Produção do palestino Elia Suleiman, que concorreu em outras edições do festival. Esta obra de comédia conta um caso de amor entre duas pessoas separadas por um controle militar israelense.

WAVES 98′ (2015), PALMA DE OURO PARA CURTA-METRAGEM
Curta do libanês Ely Dagher, o primeiro árabe a vencer nesta categoria. O filme acompanha um adolescente descobrindo sua cidade natal, Beirute. A obra se passa em um subúrbio nos anos 1990.