Estátua gigante de faraó Ramsés é encontrada em favela egípcia
Ramsés, o Grande, foi encontrado deitado em uma poça de lama em uma favela do Cairo.
A estátua, de oito metros de altura, estava afundada nas ruínas da cidade antiga de Heliópolis, no leste da capital. As escavações, realizadas por arqueólogos egípcios e alemães, foram apresentadas pelo Ministério das Antiguidades na quinta-feira (9) como uma das maiores descobertas no país. A figura poderia representar um dos faraós mais memoráveis da história.
Moradores se reuniram em torno da lama para ver os destroços serem erguidos entre construções inacabadas e estradas de terra. Os restos da escultura de quartzito incluem o busto, parte da cabeça, a coroa, a orelha direita e um fragmento do olho direito. Os arqueólogos também encontraram, ali, estátuas de calcário representando o faraó Seti 2º, neto de Ramsés.
O time deve continuar a escavar o restante da estátua e, se forem capazes de restaurá-la, a peça será exposta na entrada do Grande Museu Egípcio, cuja inauguração está prevista para 2018. O Egito vive hoje uma grave crise na indústria de seu turismo, após uma série de atentados terroristas, como a explosão de um avião russo transportando 224 pessoas em outubro de 2015.
Ramsés 2º reinou entre 1279 e 1213 a.C, na 19ª dinastia. Posteriormente conhecido como o “Grande Ancestral”, ele liderou diversas expedições militares épicas, expandindo o império até a Síria, no leste, e a Núbia, no sul. Seu nome costuma ser associado na cultura popular ao Faraó que, na Bíblia, perseguiu os judeus durante o Êxodo — apesar de não haver base histórica para essa crença.
Ele fundou o templo solar de Heliópolis, um dos maiores do Antigo Egito — acreditava-se que o Deus-Sol havia criado o mundo naquele exato ponto, que portanto não era habitado naquela época. O complexo religioso tinha quase o dobro do tamanho de Karnak, em Luxor, mas foi destruído ainda na Antiguidade. Pilhadas, as pedras foram utilizadas mais tarde na construção do Cairo.
Em 1818, Percy Bysshe Shelley publicou seu mais conhecido soneto, partindo da imagem de uma estátua de Ramsés. Em tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos:
Ao vir de antiga terra, disse-me um viajante
Duas pernas de pedra, enormes e sem corpo,
Acham-se no deserto. E jáz, pouco distante,
Afundando na areia, um rosto já quebrado,
de lábio desdenhoso, olhar frio e arrogante
Mostra esse aspecto que o escultor bem conhecia
Quantas paixões lá sobrevivem, nos fragmentos,
À mão que as imitava e ao peito que as nutria
No pedestal estas palavras notareis:
“Meu nome é Ozimândias, e sou Rei dos Reis:
Desesperai, ó Grandes, vendo as minhas obras!”
Nada subsiste ali. Em torno à derrocada
Da ruína colossal, areia ilimitada
Se estende ao longe, rasa, nua, abandonada.