Visitada pelo prefeito paulistano Doria, Dubai concentra sua vida social em shoppings
Dubai se parece com um discurso de Donald Trump, presidente dos EUA. Diz-se que tudo neste emirado árabe é maior, mais alto, mais caro, mais dourado. A cidade se assemelha também em alguma medida a São Paulo, o que pode ter confortado o prefeito João Doria (PSDB) durante sua visita oficial durante a semana passada — acompanhada por este Orientalíssimo blog.
Em ambas Dubai e São Paulo, a carência de espaços públicos e uma visão específica de desenvolvimento urbano empurraram lojas e clientes a shoppings monstruosos, onde ocorre uma parte da interação social. O modelo de Dubai é mais extremo. São Paulo tem ido às ruas nos últimos anos como resultado de políticas públicas e pelo esforço da sociedade civil. A tendência nos Emirados é inversa.
A situação em Dubai é agravada por um clima inclemente. A sensação térmica pode superar os 50ºC no verão e as tempestades de areia, como aquela que varreu a cidade nas últimas semanas, dificultam estar ao ar livre. Os pontos de ônibus são, por isso, climatizados. Algumas passarelas, também.
Um dos centros da vida pública é o Dubai Mall, considerado um dos maiores shopping do mundo em área total. Há mais de 1.200 estabelecimentos comerciais e serviços em 500 mil m² de piso, incluindo diversas marcas de luxo, como Chanel e Cartier.
O centro serve também de acesso a atrações turísticas. A entrada ao Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo, está no subterrâneo do shopping. O elevador até o 124º andar (de um total de 163) varia entre R$ 100 e R$ 250. Quem prefere evitar o vertigo tem outras opções de lazer. Há um aquário com tubarões e arraias, uma pista de patinação, um parque temático e salas de cinema.
O desenvolvimento urbano de Dubai é resultado do crescimento repentino dos Emirados Árabes a partir da década de 1970, após a descoberta do petróleo, que financia arroubos arquitetônicos também em Abu Dhabi.
O Dubai Mall foi construído em 2008. Houve 92 milhões de visitantes em 2015 — como comparação, o Brasil recebeu 6,6 milhões de turistas em 2016, ano de Olimpíada. É possível ver, em um passeio por seus corredores, a mistura entre cidadãos, expatriados e turistas —típica deste país, em que os cidadãos de fato representam apenas 13% da população.
Há outros centros de compra, como o Ibn Battuta, batizado em homenagem a esse viajante árabe que percorreu o mundo no século 14. As galerias são tematizadas de acordo com seus périplos. Outra vez, os superlativos: o Ibn Battuta é considerado o maior shopping tematizado do mundo, com 270 lojas.