Em pegadinha, atriz pensa que foi sequestrada pelo Estado Islâmico
A atriz egípcia Heba Magdi foi recentemente vítima de uma pegadinha que simulava um sequestro pela organização terrorista Estado Islâmico (também conhecida como Daesh, a sigla em árabe). A piada, que não foi recebida com muito humor no Oriente Médio, foi organizada e exibida pelo canal egípcio Al Nahar TV.
Durante a cena do programa “Mini Daesh”, Magdi implorou por sua vida e chorou diante das câmeras. Os falsos sequestradores usaram explosões e outros efeitos para convencê-la de que a ação era real. Não há informações sobre o que aconteceu na sequência da gravação, mas a atriz estava visivelmente traumatizada pela experiência.
O Estado Islâmico opera, por meio de uma filial, no deserto do Sinai. Há risco real de ações dessa organização terrorista no Egito. Um avião russo foi derrubado, no ano passado, em um atentado reivindicado pelo grupo. Assim, não é surpreendente que Magdi tenha acreditado na pegadinha.
Houve outras vítimas do programa, como um homem que foi obrigado a jurar lealdade ao Estado Islâmico diante de uma bandeira da organização terrorista. E essa não é a primeira piada controversa gravada por um comediante egípcio. No ano passado, a socialite americana Paris Hilton foi convencida de que seu avião estava caindo, e supostamente ameaçou processar o apresentador Ramez Galal.
Segundo uma reportagem sobre a pegadinha do Estado Islâmico, o parlamentar egípcio Mustafa Bakri afirmou à mídia local que o programa não deveria ter sido exibido na televisão, especialmente durante o mês do ramadã, considerado sagrado por muçulmanos.
O Estado Islâmico declarou seu califado em 2014, tomando partes dos territórios da Síria e do Iraque. Essa organização terrorista é uma das responsáveis pela atual catástrofe síria –onde centenas de milhares de pessoas foram mortas, nos últimos anos. Seus membros organizam atentados ao redor do mundo, desafiando governos e autoridades religiosas.
Nas palavras do site local Egyptian Streets:
[Essa pegadinha] foi criada no Egito, o país cujos membros do governo apontam o tempo todo para o terrorismo como a razão por trás do recrudescimento das medidas de segurança, em que centenas de jovens inocentes foram enquadrados e jogados nas prisões. É o mesmo país que gasta milhões de preciosos dólares para comprar armas em nome da defesa contra o terrorismo que ameaça seus cidadãos. É o mesmo país que tem estado patologicamente obcecado em controlar o conteúdo de livros, da televisão, de shows e mesmo de status de Facebook para evitar “ferir a moral pública”.