Ultraortodoxo, ministro da Saúde israelense enfrenta a rede McDonald’s

A versão israelense de Michelle Obama é barbuda, se veste toda de preto e enfia as calças dentro das meias. O diário local “Haaretz” publicou recentemente o perfil do judeu ultraortodoxo Yaakov Litzman, ministro da Saúde de Israel. Como a primeira-dama americana, Litzman é um ferrenho defensor da alimentação saudável. Devido a sua opinião nessa área, ele recentemente envolveu-se em um debate com a rede de fast-food McDonald’s.

A empresa tem 180 restaurantes em Israel, e cerca de 50 deles são “kosher” –ou seja, servem produtos de acordo com as normas de alimentação judaicas. As restrições resultam em um cardápio curioso, já que a literatura religiosa proíbe a mistura de carne com queijo, inviabilizando por definição o cheeseburguer. A regra está, por exemplo, em Êxodo 34:26 (“não cozerás o cabrito no leite de sua mãe”).

Mas a preocupação de Litzman, um ultraortodoxo do ramo místico hassídico, não é exatamente religiosa. “Não há necessidade de comer ‘junk food’, não no nosso país. McDonald’s está fora. Não no nosso país. Não há necessidade de comer no McDonald’s”, ele afirmou durante uma conferência, de acordo com o “Haaretz”.

O jornal “Jerusalem Post” informa, também, que o ministro afirmou ter sido pressionado pela indústria alimentícia “para não discutir o ‘junk food’ de maneira negativa, pois isso reduziria as vendas ao público”. Ele diz preocupar-se, em especial, com os casos de diabetes no país.

McDonald's "kosher" em Tel Aviv. Crédito Ronen Zvulu/Reuters
McDonald’s “kosher” em Tel Aviv. Crédito Ronen Zvulu/Reuters

O McDonald’s, por sua vez, reagiu afirmando ser “parte da solução, e não do problema”, referindo-se a seus esforços em reduzir gordura, açúcar e sódio em seus produtos. As afirmações do ministro da Saúde foram, segundo a rede de comida, “pouco científicas”.

De acordo com o jornal israelense, o McDonald’s surgiu em Israel em 1993 e, desde então, envolveu-se em diversas disputas com setores ortodoxos. Não exatamente por sua comida ser mais ou menos saudável. Houve discussões sobre sua possível abertura durante o dia religioso do sábado, por exemplo. Não há carne de porco no cardápio, também, mesmo onde a filial não é “kosher”.