Jogo iraniano se inspira na geometria da arte islâmica

Diogo Bercito

Para quem já entrou em uma mesquita, apoiou-se em uma coluna e deixou-se distrair pela decoração geométrica: aguarde o game Engare, que deve ser lançado nos próximos meses. Criado pelo iraniano Mahdi Bahrami, o projeto é baseado na tradição estética islâmica, desafiando o jogador a entender os padrões matemáticos típicos desse estilo (clique aqui para ver uma demonstração).

Tapete persa do século 17, no Museu de Arte Islâmica do Qatar. Crédito Reprodução
Tapete persa do século 17, no Museu de Arte Islâmica do Qatar. Crédito Reprodução

A revista “Kill Screen”, especializada em games e arte, publicou recentemente uma reportagem sobre o Engare. “Bahrami adora o fato de que a arte islâmica traz seus sistemas matemáticos de maneira tão aberta e elegante. Ele vê um contraste nisso em comparação a muita da arte figurativa em que você não enxerga tantos sistemas matemáticos em ação.”

Além do desafio de prever e simular padrões geométricos, o game oferece uma ferramenta para que o jogador crie sua própria arte (veja no vídeo abaixo uma demonstração). À “Kill Screen” o artista afirmou que “há formas geométricas que nos deixam felizes, padrões que deixam uma pessoa nervosa ou hipnotizada, e o revestimento de um teto pode fazer com que alguém se sinta sozinho”.

“Arte islâmica” é um termo bastante amplo, englobando um sem-fim de expressões artísticas díspares em momentos históricos e territórios diversos. É comum que se diga que essa arte é baseada na geometria porque o islã proíbe a representação de figuras humanas, consideradas idolatria. Apesar de a afirmação ter base histórica, ela não é completamente correta —como escrevi há algum tempo no Mundialíssimo blog, há inúmeros exemplos da representação humana na arte islâmica, inclusive do profeta Maomé.

Quem se interessa pelo assunto pode visitar o site do Museu de Arte Islâmica, no Qatar. Há, por exemplo, uma página com os destaques do acervo, com exemplos variados de arte islâmica.

Engare –que estará disponível para PC e smartphones– não é o primeiro jogo de Bahrami baseado nessa herança cultural. Como lembra a revista “Kill Screen”, ele produziu em 2012 o game “Farsh”, em que os quebra-cabeças se desenrolavam em torno de tapetes persas. O próximo projeto desse artista iraniano, porém, deve ter como tema os padrões geométricos da cultura celta.