Jogo iraniano se inspira na geometria da arte islâmica
Para quem já entrou em uma mesquita, apoiou-se em uma coluna e deixou-se distrair pela decoração geométrica: aguarde o game Engare, que deve ser lançado nos próximos meses. Criado pelo iraniano Mahdi Bahrami, o projeto é baseado na tradição estética islâmica, desafiando o jogador a entender os padrões matemáticos típicos desse estilo (clique aqui para ver uma demonstração).
A revista “Kill Screen”, especializada em games e arte, publicou recentemente uma reportagem sobre o Engare. “Bahrami adora o fato de que a arte islâmica traz seus sistemas matemáticos de maneira tão aberta e elegante. Ele vê um contraste nisso em comparação a muita da arte figurativa em que você não enxerga tantos sistemas matemáticos em ação.”
Além do desafio de prever e simular padrões geométricos, o game oferece uma ferramenta para que o jogador crie sua própria arte (veja no vídeo abaixo uma demonstração). À “Kill Screen” o artista afirmou que “há formas geométricas que nos deixam felizes, padrões que deixam uma pessoa nervosa ou hipnotizada, e o revestimento de um teto pode fazer com que alguém se sinta sozinho”.
“Arte islâmica” é um termo bastante amplo, englobando um sem-fim de expressões artísticas díspares em momentos históricos e territórios diversos. É comum que se diga que essa arte é baseada na geometria porque o islã proíbe a representação de figuras humanas, consideradas idolatria. Apesar de a afirmação ter base histórica, ela não é completamente correta —como escrevi há algum tempo no Mundialíssimo blog, há inúmeros exemplos da representação humana na arte islâmica, inclusive do profeta Maomé.
Quem se interessa pelo assunto pode visitar o site do Museu de Arte Islâmica, no Qatar. Há, por exemplo, uma página com os destaques do acervo, com exemplos variados de arte islâmica.
Engare –que estará disponível para PC e smartphones– não é o primeiro jogo de Bahrami baseado nessa herança cultural. Como lembra a revista “Kill Screen”, ele produziu em 2012 o game “Farsh”, em que os quebra-cabeças se desenrolavam em torno de tapetes persas. O próximo projeto desse artista iraniano, porém, deve ter como tema os padrões geométricos da cultura celta.