Relembre a revolução egípcia de 25 de janeiro de 2011 assistindo a estes 3 filmes

Há cinco anos, em 25 de janeiro de 2011, egípcios foram às ruas para pedir o fim do regime autoritário de Hosni Mubarak. Acuado, em 11 de fevereiro, o ditador deixou o poder. Daquele dia até hoje, a história seguiu convulsa no país. Eleições levaram ao poder a Irmandade Muçulmana, cujo governo conservador também desagradou a população. Em julho de 2013, o Exército deu um golpe de Estado e tomou o poder –mais tarde reforçado por criticadas eleições. Hoje, o Egito é governado por Abdel Fattah al-Sisi.

A avaliação geral de especialistas é de que, neste curto prazo, a revolução egípcia fracassou. Afinal, não garantiu as liberdades que, em primeiro lugar, levaram multidões às ruas em 2011. Este Orientalíssimo blog sugere, nesse sentido, a leitura do artigo escrito pelo professor espanhol Ignacio Álvarez-Ossorio no jornal “El País“. Alguns atores políticos, no entanto, apontam vitórias significativas —em um texto publicado na TV Al Arabiya, por exemplo, uma parlamentar aponta a inédita participação política de jovens.

Entre perspectivas divergentes, porém, deixo aqui a sugestão de três filmes baseados na revolução egípcia. O jornal local “Ahram” tem uma lista mais longa com outras recomendações, de onde me inspirei.

AL-FAGOUMY (2011), DE ESSAM EL-SHAMAE
Um filme sobre o poeta dissidente Ahmed Fouad Negm e o músico El-Sheikh Imam, símbolo da resistência nos anos 1960 e 1970. Essa obra não trata diretamente dos protestos de janeiro, incluídos em suas cenas finais, mas de alguma maneira os antecipa. Foi a primeira grande estreia no cinema egípcio depois da revolução.

A PRAÇA TAHRIR (2013), DE JEHANE NOUJAIM
Documentário sobre a revolução, dos dias de protesto até a queda do presidente Mohammed Mursi em 2013. O filme foi nomeado ao Oscar. Na época, escrevi uma análise para a Folha –em especial, como esse documentário encara os protestos como um processo contínuo sobre o qual ainda é difícil chegar a conclusões.

RAGS AND TATTERS (2013), DE AHMAD ABDALLA
Segundo o “Ahram”, o filme tem como foco os setores mais pobres da população egípcia durante a revolução. O personagem principal é um homem que escapa da prisão no final de janeiro de 2011 e se desloca entre as periferias do Cairo em busca de refúgio. O filme participou de festivais internacionais.