Em Israel, nome mais comum entre bebês nascidos em 2014 é Maomé

Diogo Bercito

Um jornal israelense noticiou, nesta segunda-feira (28), que o nome mais comum entre os nascidos em Israel em 2014 foi Mohammed –ou Maomé, como conhecemos em português o profeta do islã. A informação consta de um relatório divulgado pelo Escritório Central de Estatísticas, que identificou 2.650 bebês com este nome no ano passado.

O dado não deveria surpreender, já que árabes constituem cerca de 20% da população israelense e, entre muçulmanos, Mohammed é o nome mais frequentemente dado a garotos. Mas no ano passado a informação causou dissabores em Israel, já que foi excluída do relatório.

A prática de deixar de lado os nomes árabes é polêmica no país. Segundo uma análise publicada em um jornal local em 2014, é uma questão de negação. “Negação do quê? Em primeiro lugar, dos árabes, é claro. Deixar de reconhecer a existência de uma grande população árabe é uma maneira bem mais sutil de exclusão”, escreve o autor. Ele identifica, ainda, um truque conhecido como “não contar os árabes e os ultra-ortodoxos”.

Isso porque, em 2012, o premiê israelense Binyamin Netanyahu afirmou que o país não estava tão mal –“se não contarmos os árabes e os ultra-ortodoxos nos índices de desigualdade”. O que, em outras palavras, significa que basta excluir as porções mais desfavorecidas da população, e Israel terá excelentes índices.

Mas os Mohammed estão ali, de fato, e houve 650 mais bebês com este nome em 2014 do que o segundo colocado, Noam. Nasceram 2.000 bebês chamados Noam no ano passado, mas entre eles 400 eram meninas. Os outros nomes mais comuns foram Ori, David, Yosef, Eitan, Ariel, Daniel, Yehonatan e Moshe (Moisés, em português).

Entre as meninas, a campeã continua sendo –há 15 anos– Noa. Esse nome é seguido de perto por Tamar, Shira, Maya e Yael, entre outros. Entre as israelenses muçulmanas, os nomes mais comuns foram Maryam, Jana, Lian, Malak, Alin, Lyn e Nur.