Campanha da marca H&M usa modelo com o véu islâmico
O jornal americano “New York Times” publicou, nesta semana, uma reportagem sobre a nova campanha da marca H&M. Apesar de a empresa ter contratado uma grande variedade de modelos –incluindo plus-size e amputados– quem tem chamado a atenção nos vídeos da H&M, diz o diário, é a modelo muçulmana Mariah Idrissi.
Idrissi aparece vestindo o véu islâmico, conhecido em árabe como “hijab”. Essa peça é comum em países muçulmanos, com inúmeras variações, mas é raramente discutida como item de moda. Como representa para alguns a opressão da mulher, o “hijab” tem má fama em países ocidentais, e parece de alguma maneira ser o avesso do bom gosto.
Idrissi discorda dessa abordagem. Uma visita a sua conta no Instagram pode, na verdade, inspirar quem usa o véu a vesti-lo de maneira criativa.
Era mais ou menos a ideia do concurso de moda sobre o qual escrevi em 2013 para a Folha. A ativista americana Shaz Kaiseruddin me disse, à época, que queria desfazer preconceitos e criar um furor em torno do véu. Ela organizou a competição e pediu que designers criassem cores, camadas e texturas para o “hijab”.
Outra sugestão de leitura, nesse sentido, é a página do “Hijablog”, onde a norueguesa Imaan Ali publica suas fotos vestindo o véu islâmico em ensaios de moda. Quando conversamos, Ali me disse: “Demorei anos para descobrir como me vestir como uma mulher muçulmana e, então, criar meu estilo. Queria uma coisa colorida, um pouco excêntrica. Adicionei peças étnicas e um jeito ocidental de combinar itens”.
Em uma entrevista recente, a modelo Idrissi afirmou:
Sempre tive a impressão de que mulheres que usam “hijab” são ignoradas no que diz respeito à moda. Nosso estilo, de algum jeito, não importa de fato, então é incrível que uma grande marca reconheça a maneira com que usamos o véu.
O uso do “hijab” é um ponto delicado no islã, e alvo de constantes críticas. Essa religião pede, segundo algumas de suas interpretações, que mulheres cubram seu corpo. Como isso é seguido, e quando é seguido, varia de caso a caso, de família a família, de região a região.
Para muitas pessoas, cobrir-se é um sinal de opressão. Mostrar o corpo em propagandas extremamente sexualizadas também, rebatem muçulmanas cobertas. Ambas as abordagens têm uso político, e vale lembrar que a situação da mulher no Afeganistão serviu à propaganda de guerra em 2001. Assim, aproveito para perguntar aos leitores deste Orientalíssimo blog: o que vocês pensam do “hijab”?