Você deixaria de ir a NY depois do 11 de Setembro?
Você deixaria de visitar Nova York depois do 11 de Setembro? E Paris, depois do atentado ao “Charlie Hebdo”? Glasgow, Londres?
Um usuário tunisiano do Facebook chamado Salim Ben Hadj Yahia produziu, no domingo (28), uma campanha em prol do turismo à Tunísia –uma das principais fontes de renda do país, e ameaçada pelo ataque de sexta-feira, em que 39 pessoas foram mortas por um atirador no balneário de Sousse. “Por que deixar de visitar a Tunísia?”, perguntou-se.
É evidente que a comparação é complicada, já que há pouco em comum entre Nova York e Sousse, mas o raciocínio é interessante. Estou em Sousse desde o sábado, estive ontem em Kairouan, e o país parece mesmo estar sendo esvaziado de visitantes. Ainda há turistas nas praias e nas ruelas medievais, mas pacotes foram cancelados e centenas foram repatriadas diante o temor de mais ações contra estrangeiros na Tunísia.
Ao contrário dos ataques ao World Trade Center e ao Charlie Hebdo, que tinham como alvo as populações locais, o atirador no balneário tunisiano mirou em estrangeiros. Segundo relatos, ele pediu que locais se afastassem. Ainda de acordo com testemunhas, ele foi perseguido e apedrejado por moradores de Sousse, antes de ser morto pela Polícia.
“O verão foi embora”, me disse outro dia aqui um pescador. Diante da areia e do mar tranquilo, entre espreguiçadeiras vazias e embaixo de um forte Sol, enquanto o vento sopra com cheiro de mar, é difícil acreditar que a estação já tenha acabado antes mesmo de começar. Mas, se turistas desistirem de visitar esse balneário, como parece que diversos deles farão, também será difícil imaginar como a população local –que depende do turismo– fará para chegar ao próximo verão.