Crianças-soldado no Estado Islâmico

Diogo Bercito
Trecho de reportagem na revista "Dabiq" sobre as crianças-soldado do Estado Islâmico. Crédito Reprodução
Trecho de reportagem na revista “Dabiq” sobre as crianças-soldado do Estado Islâmico. Crédito Reprodução

“Os leões do amanhã.”

Com esse título, a revista “Dabiq” –editada pelo Estado Islâmico– publicou em sua edição de abril uma reportagem sobre as crianças que estão sendo preparadas, em seu território, para se tornarem os próximos guerreiros dessa organização terrorista. Como prova do treinamento, os militantes haviam divulgado, semanas antes, imagens em que um jovem mata um prisioneiro.

Na revista, o Estado Islâmico justifica o uso de crianças como soldados, rebatendo ali a indignação da comunidade internacional. Entre seus argumentos está o de que crianças lutaram ao lado do profeta Maomé, em alguns de seus embates históricos, como o de Badr (lutado em 624 d.C).

O texto publicado na edição mais recente de “Dabiq” serve como uma janela para quem, como este Orientalíssimo blog, tenta entender o que se pensa entre a liderança desse auto-proclamado califado. Por isso, reproduzo abaixo alguns trechos em português. É possível encontrar, na internet, a versão em inglês da revista.

“Enquanto guerreiros do Estado Islâmico continuam sua marcha contra as forças dos infiéis, há uma nova geração à espera embaixo de suas asas, ansiosamente aguardando o dia em que será convocada para erguer o estandarte da fé. Essas são as crianças da comunidade de crentes do jihad, uma geração criada nas terras das batalhas lendárias e nutrida sob a sombra da lei islâmica.”

“O Estado Islâmico […] criou instituições para esses filhotes de leão para que possam treinar suas habilidades militares e para ensinar a eles o livro de Deus e as tradições de seu profeta. Foi a esses jovens leões que o Estado Islâmico recentemente entregou dois agentes capturados espionando para a Inteligência russa e um agente pego espionando para a Inteligência israelense, para que fossem executados e mostrados como exemplo a todos que pensam em infiltrar-se entre os guerreiros.”

“Como esperado, os infiéis ergueram seus braços diante do uso de ‘crianças-soldado’ pelo califado. Mas essa era a tradição do profeta de Deus, que permitia que aqueles capazes participassem nas batalhas contra os politeístas.”