O califa terrorista era matemático
O auto-declarado califa Abu Bakr al-Baghdadi, líder da organização terrorista Estado Islâmico, é uma dessas figuras lendárias revestidas de mistério. Não se sabe muito sobre seu passado. Ele aparece em raros registros fotográficos, e as imagens divulgadas por todo o mundo são, em geral, aquelas tomadas de sua única aparição pública, em julho do ano passado –logo após ter declarado seu califado de terror no território tomado entre Síria e Iraque.
Vem desse vazio de informação a relevância de reportagens como a produzida pela rede alemã ARD, que na semana passada divulgou papéis escolares de Baghdadi.
Os certificados, analisados também pelo jornal “Washington Post”, mostram um jovem com um bom registro –em matemática, por exemplo, o auto-declarado califa acertou 98% do teste. Sua média, coroada por um desempenho “bom”, é de 80% de aproveitamento. Um funcionário do departamento de educação de Samarra, onde Baghdadi estudou, confirmou a autenticidade dos documentos.
“Alguém poderia esperar que o jovem tivesse adiante de si um futuro brilhante”, escreve o “Washington Post”. “Em vez disso, parece, ele escolheu uma vida em que lidera a execução de assassinatos em massa, explosões suicidas e decapitações.”
Os papéis divulgados pela rede alemã podem não conter as informações estratégicas que os inimigos do Estado Islâmico esperassem. Mas, na construção da figura de Baghdadi, são importantes diante da escassez de informações.
Eles confirmam, por exemplo, seu nascimento em Samarra em 1971. Seus pais são chamados Awad e Alia. Ele graduou-se ali em 1991, por volta dos 19 ou 20 anos –ele repetiu seu último ano escolar.
Como afirma o “Washington Post”, das seis disciplinas estudadas, “inglês parece aquela com que ele mais lutou”. Ele teve 57% na matéria, um pouco acima da nota de corte, 50%. Já em geografia, Baghdadi atingiu 90%. Em árabe, 81%. Economia, 80%. História, 75%.