Intifooda: disputa por comida em NY

Diogo Bercito
Capa do "New York Post". Crédito Reprodução.
Capa do “New York Post”. Crédito Reprodução.

Um vendedor de comida kosher –ou seja, aquela adequada às normas de alimentação judaicas– se aproxima da região do Rockefeller Center, em Manhattan, com seu carrinho. Comerciantes egípcios, já ali desde há algum tempo, lhe impedem de instalar-se no local. “Isso aqui não é a Palestina”, um deles diz.

Essa história foi narrada recentemente pelo jornal “New York Post” em uma reportagem de título “Intifooda”. A referência, já evidente no nome, é a Intifada: violento levante popular palestino contra a ocupação israelense, de 1987 a 1993 e de 2000 a 2005. A reportagem foi reproduzida também pelo jornal israelense “Haaretz”.

“Eles estão tentando dizer que os judeus em Israel estão expulsando as pessoas, então ‘não faça isso aqui'”, diz Yisroel Mordowitz, vendedor de comida kosher. A história, como é contada pelo “New York Post”, parece transportar o conflito médio-oriental para as ruas de Nova York.

Tanto o vendedor de comida kosher como os comerciantes halal –a comida permitida pelas normas islâmicas de alimentação– têm em comum a proibição à carne de porco. Um cliente de comida kosher não pode alimentar-se de halal, já que a preparação dos ingredientes varia entre ambas as tradições.

Os comerciantes egípcios, no entanto, afirmam que a questão não é política ou religiosa. A Prefeitura local emite a autorização para o uso dos carrinhos de comida, mas não define o lugar de comércio. Assim, pontos como o Rockefeller Center, por onde passam as hordas de turistas, são disputados por vendedores.

De acordo com a reportagem, comerciantes chegam ali às 3h da manhã para garantir o lugar. Outros acampam. “Ele quer matar meu negócio”, disse um vendedor, sobre o competidor kosher.