Como reconhecer um jihadista?

Diogo Bercito
Guia para reconhecer um jihadista. Crédito Reprodução
Guia para reconhecer um jihadista. Crédito Reprodução

O governo francês lançou um site para combater a radicalização no país, depois do atentado que deixou 12 mortos na redação da publicação satírica “Charlie Hebdo”. A iniciativa é importante, mas traz em si uma surpresa: em linhas gerais, a administração do presidente François Hollande pensa que há relação entre jihadistas e não comer baguetes.

É um exagero, mas foi a mensagem que a rede de TV Al Arabiya recebeu quando viu a ilustração acima, com um “xis” em cima do pão. O texto pede que franceses estejam atentos a sinais que incluem mudanças na alimentação. Também indicariam inclinação à radicalização, por exemplo, deixar de praticar esportes.

Um site nota ironicamente, porém, que as recomendações do governo francês ajudam a reconhecer jihadistas e também novos pais. “Muitos dos pontos na lista poderiam ser facilmente aplicados a qualquer pessoas cuja vida tenha sido alterada radicalmente, não apenas a um pregador extremista”, diz o The Local em um texto publicado em 30 de janeiro.

A ilustração elenca os sinais para identificar mudanças de comportamento, entre elas deixar de ouvir música, não ir mais ao cinema, mudar a vestimenta e esfriar sua relação com amigos antigos (que, afinal, agora são vistos como “infiéis”).

A propaganda francesa levou imediatamente a piadas. No Twitter, usuários ridicularizavam a ligação entre a baguete e o jihadismo. Como neste tuíte, em francês:

A ameaça, é claro, é real e não tem nada de engraçada. Em 7 de janeiro, dois homens armados invadiram a redação do “Charlie Hebdo” e mataram 12 pessoas. Diversos franceses têm também viajado à Síria para unir-se ao Estado Islâmico e lutar ali pela “guerra santa” –autoridades se preocupam com o retorno desses cidadãos, no futuro.

Mas o site do governo francês mostra, por outro lado, como ainda é difícil para as autoridades ocidentais identificar e lidar com a presença de células jihadistas em seus países. Assim como ainda não sabem lidar, aliás, com as comunidades muçulmanas entre seus cidadãos.