Um videogame para os jihadistas na Síria

Diogo Bercito

Jovens militantes do Estado Islâmico, milhares deles ocidentais recrutados pela organização terrorista,  serão treinados por um jogo de videogame em que poderão explodir comboios militares e disparar contra as forças de segurança, segundo notícias divulgadas pela mídia árabe. O braço de comunicação do autodeclarado califado islâmico nota que o jogo irá “elevar a moral dos jihadistas e treinar crianças e jovens a combater o Ocidente  e colocar terror no coração daqueles que se opõem ao Estado Islâmico”.

O vídeo acima reúne cenas do suposto game (com título na linha de “som de espadas se chocando”), aparentemente uma versão modificada do arrasa-quarteirões “Grand Theft Auto”. Veículos especializados notavam, porém, que não está provado que os militantes de fato desenvolveram um novo jogo. É possível que tenham apenas editado cenas da versão original para criar o vídeo e, assim, recrutar jovens para as suas fileiras. O personagem principal usa uma bandana negra e calças camufladas.

A escolha de um videogame, e especificamente um popular entre jovens, é uma estratégia para convencer possíveis recrutas de que suas vidas, caso se unam ao Estado Islâmico, serão marcadas pela aventura que eles até então só conhecem na tela da televisão. Um especialista notou, à rede de televisão Al Arabiya, o uso do recurso da “violência fácil e sem consequências’. Os discursos se parecem com o que dizem jovens jihadistas em outros vídeos de recrutamento de militantes.

Reportagens afirmavam, nos últimos dias, que a notícia de um game para jihadistas trará de volta o debate do uso da violência nos jogos. Mas talvez seja mais urgente, por ora, entender como essa organização terrorista tem se mobilizado e conseguido atrair milhares de jovens para seu violento projeto de um califado islâmico entre a Síria e o Iraque –incluindo o jovem Brian de Mulder, filho de uma brasileira, sobre quem escrevi na Folha (clique aqui para ler).