O balde de gelo no Oriente Médio: sangue e areia

Diogo Bercito

Como entusiasta de desertos, não me rendi ao desafio do balde de gelo (explicado no blog #Hashtag, clique aqui para ler). Mas tenho visto surgirem, nas últimas semanas, versões médio-orientais dessa fria. A mais recente parece ser essa do vídeo acima, uma proposta libanesa para adaptar a prática –em vez de um balde com gelo, os organizadores desafiam todo o mundo a queimar uma bandeira do Estado Islâmico (não sabe o que é? Clique aqui para entender).

A bandeira é o estandarte do jihadismo, em uma interpretação mais ampla: uma faixa negra com a profissão de fé do islamismo (as palavras “não há um deus a não ser Deus”) e o nome de Maomé, seu profeta.

O desafio #BurnIsis pede que a bandeira seja queimada. Mas a proposta desses jovens libaneses não é tão simples, como nota um texto recente no jornal israelense “Haaretz” (leia aqui). Afinal, queimar o nome de Deus e de seu profeta, ainda que em um símbolo do jihadismo, não terá ampla aceitação no Oriente Médio. Veja, por exemplo, o tuíte abaixo.

Há também uma versão –de gosto duvidoso, sim– do desafio em que o participante derrama em cima de si mesmo um balde repleto de sangue falso. Em um vídeo, um homem vestido como militante do Estado Islâmico se suja do líquido vermelho enquanto diz em árabe que “Deus é maior”, uma das frases centrais do islamismo.

Em Gaza, o desafio tomou os contornos de uma crítica à guerra recente, em que regiões no estreito de terra foram destruídas pelos ataques israelenses. Participantes viraram baldes com areia e entulhos, em vez de água. Um deles explica a proposta (em árabe, com legenda em inglês):