Documentário brasileiro sobre o véu islâmico

Diogo Bercito
Cena de "Nem Sempre Me Vesti Assim". Crédito Reprodução
Cena de “Nem Sempre Me Vesti Assim”. Crédito Reprodução

Os moradores de São Paulo têm a sorte de poder, nestes dias, recorrer a duas orientalíssimas mostras de cinema –uma judaica, a outra árabe. Em tempos de conflito militar em Gaza, as duas levas de filmes serão bem-vindas na cidade entre um público que me parece progressivamente interessado na questão, ainda que nem sempre informado o suficiente.

A “Ilustrada” de hoje sugere alguns longas em ambos os eventos (clique aqui para ler), o Festival de Cinema Judaico (entre 5 e 10 de agosto) e a Mostra Mundo Árabe de Cinema (de 13 de agosto a 16 de setembro). O caderno cultural publicou, também, minha entrevista com Waleed Zuaiter, ator e produtor de “Omar”, filme palestino que concorreu ao último Oscar de melhor longa estrangeiro (leia aqui).

Aproveito para indicar, ainda, o documentário “Nem Sempre Me Vesti Assim”. É uma produção curta, de meia hora, sobre o uso do véu islâmico (o “hijab”) entre mulheres no Reino Unido. A direção, delicada e respeitosa, é da brasileira Betty Martins –que se abstém de julgar a decisão de vestir-se com modéstia, apenas registrando as histórias de suas personagens.

Faço a sugestão para privilegiar a produção da brasileira e porque sei que, ainda que nós discutamos uma infinidade de assuntos de Oriente Médio, o “hijab” segue sendo uma das questões de maior interesse nas comunidades ocidentais. É opressivo, legítimo, cultural, imposto? Nem mesmo o Corão responde a essas perguntas, e o uso do véu é mais uma interpretação do texto sagrado do que um imperativo religioso. Em vez de render-se à polêmica, Martins se dedica a trabalhar a memória e as experiências de três muçulmanas.

Os interessados podem assistir ao documentário no dia 22 de agosto, às 20h, no Memorial da América Latina (av. Auro Soares de Moura Andrade).