Vídeo registra a morte de adolescentes palestinos

Diogo Bercito

Depois que Israel celebrou seu aniversário de independência e os palestinos lamentaram o mesmo fato histórico, com forte carga política a ambos os lados, as ruas de Jerusalém voltaram nos últimos dias a discutir a história e as suas versões. A criação do Estado de Israel ou a expulsão de 700 mil palestinos de suas casas — a que lado olhar? O que é real, o que é fictício, o que foi justo, o que era inevitável? Os discursos servem a diversas vontades políticas, e não cabem aqui.

O que cabe é a concretização do debate, a exemplo dos conflitos violentos entre palestinos e as forças de segurança de Israel, na semana passada. Dois adolescentes palestinos foram mortos pelo Exército. Até ontem, se dizia que ambos haviam morrido diante da prisão militar de Ofer, durante as manifestações do dia da “Nakba” (a “catástrofe”, como palestinos enxergam a criação de Israel). Clique aqui para ler uma reportagem do “Haaretz” publicada à época.

Mas as imagens divulgadas hoje, obtidas por uma organização de defesa das crianças palestinas, mostram que os jovens não estavam em conflito direto com as forças de segurança. O vídeo está abaixo.

As reações e as versões foram velozes. A Autoridade Nacional Palestina afirmou que o episódio dá conta de uma “execução deliberada de dois adolescentes palestinos […] fatalmente atingidos com munição letal. […] Ambos estavam desarmados e não ofereciam ameaça direta ou imediata”. “O uso excessivo e indiscriminado de violência e munição letal em manifestações não violentas de palestinos constitui crimes de guerra e crimes contra a humanidade”, disse a legisladora Hanan Ashrawi.

As Forças de Defesa de Israel afirmam, por sua vez, que o vídeo que registra a morte dos jovens foi “editado de maneira tendenciosa e não reflete o nível de violência existente durante o distúrbio”. Militares têm notado, recentemente, grave aumento no número de incidentes violentos, sofrendo ataques constantes. Em entrevistas conduzidas com o pessoal de segurança, no local, o Exército determinara anteriormente não ter havido o uso de munição letal. Uma investigação será, no entanto, conduzida.