Jantando com o negociador-chefe palestino Erekat

Diogo Bercito
O negociador-chefe palestino Saeb Erekat ao lado de John Kerry, secretário de Estado americano. Crédito Mike Theiler/Efe
O negociador-chefe palestino Saeb Erekat ao lado de John Kerry, secretário de Estado americano. Crédito Mike Theiler/Efe

Na minha frente, um repórter espanhol discute com um diplomata australiano, entre pitacos de um colega americano. A conversa é intercalada por colheradas no frango tradicional palestino servido em pratos fundos, com um arroz amarelado. Os copos transbordam de refrigerante de limão. Eu ouço uma voz constante vinda do meu lado direito, tentando entrar na conversa. Ninguém está ouvindo. Interrompo meus amigos:

– Ei. Saeb Erekat está tentando falar com vocês.

Nada. Tenho de aumentar a voz.

– Oi, oi. O Erekat está falando.  Sim, com vocês.

Então Saeb Erekat, negociador-chefe palestino, tem a oportunidade de ser incluído em nossa turma e dar o seu palpite: não, o secretário de Estado americano John Kerry não vai viajar em tal data, e sim em outra, e vai se encontrar com fulano, e não com beltrano.

O trabalho de correspondente internacional, quando conseguimos nos aproximar das fontes e ter acesso direto à informação em estado bruto, inclui essas cenas que, quando escrevemos a distância, não conseguimos imaginar:  um jantar com o homem que está negociando a paz entre israelenses e palestinos, em nome do presidente Mahmoud Abbas. Quando os repórteres percebem que têm ignorado Erekat, fazem silêncio, preparam os blocos de nota e abrem os ouvidos.

Éramos um grupo seleto de jornalistas e diplomatas convidados para participar de um tradicional jantar natalino com a liderança da Autoridade Nacional Palestina. Representei a Folha nas duas noites seguidas, no Clube Ortodoxo de Beit Jala, nos arredores de Belém. Ali, ouvi Erekat dizer que a a derrota do extremismo no Oriente Médio necessariamente passa pela paz entre palestinos e israelenses.

O evento marcou a metade das negociações entre Israel e palestinos, retomadas em julho deste ano e previstas para durar até o fim de abril de 2014. O jantar também foi marcado pela insistência de Erekat em sua renúncia ao cargo de negociador, ainda pendente da aceitação do presidente Abbas.

“É pessoalmente doloroso para mim negociar sob esse fardo, entre funerais e demolições de casas”, ele afirmou. “Israel tem de escolher entre a paz e os assentamentos.”

Erekat ressaltou, ainda, a importância dos esforços pessoais de John Kerry, secretário de Estado americano creditado pela retomada do diálogo. “A diferença nessas negociações é Kerry.”

Há uma rígida política de silêncio em torno das negociações de paz, e dessa maneira Erekat não detalhou o que vem sendo discutido. Mas o centro, afirma, continua sendo um Estado palestino nas fronteiras anteriores a 1967. Isso apesar da descrença popular. “Hoje, palestinos e israelenses não acreditam mais nas negociações de paz.”

Nós temos discutido há meses, aqui neste Orientalíssimo blog, as negociações de paz. Mas os avanços não têm sido generosos aos otimistas, então volto a perguntar –quem entre vocês, caros leitores, acredita no sucesso dessas conversas entre israelenses e palestinos, e por quê? Quem quiser se lembrar do que estamos falando, sugiro a leitura de minha entrevista com Erekat há alguns meses (clique aqui).

Comentários

  1. As análises transversais,a velha conversa sobre assentamentos,etc..Voltemos no tempo.Análise retrospectiva.A OLP,grupo original do Sr.Erekat foi fundado em 1964.Que visão de futuro!A OLP foi fundada para “libertar” os Territorios palestinos(?) 3 anos antes de 1967.Acho que isto é auto esclarecedor.

  2. Deve ser duro para os palestinos olhar pra trás e perceber que boa parte de sua desgraça (o famoso Nakba e o atual estado de coisas) é fruto da intolerância e intransigência de seus vizinhos árabes (governos da época).
    1948 é um divisor de águas, sim. Se Egito, Síria, Iraque e cia mesmo não concordando com a fundação de um estado judeu tivessem pelo menos se sentado para dialogar, hoje as coisas seriam bem diferentes; certamente as fronteiras de Israel seriam iguais ou muito parecidas às traçadas inicialmente e a Palestina seria um estado como qualquer outro. Um mea culpa não faz mal a ninguém.

    1. Caro Matheus,vc estaria coberto de razão se a intransigência viessem dos árabes somando-se a versão sionista de que os árabes foram pra guerra em 48 pra jogarem os judeus no mar dentre outras coisas fossem verdade.Acontece que pra muitos estudiosos e historiadores sérios atuais e principalmente judeus israelenses da época corroboram outras versões dos fatos baseados principalmente em documentos do Estado e fatos históricos.Vamos a algumas delas:
      1-Se os árabes não concordaram com a decisão unilateral da partilha muito menos a AGÊNCIA JUDAICA QUE NÃO FICOU SATISFEITA COM VÁRIAS QUESTÕES,SENDO UMA DELAS A RESTRIÇÃO AO LIMITE TERRITORIAL DO FUTURO ESTADO JUDEU e deliberadamente sabedor de sua superioridade bélica declarou guerra contra os árabes ao massacrar e expulsar os palestinos de suas casas com isso tendo um pretexto pra iniciar o projeto sionista(que não se limitou apenas a criação de um Estado) de expansão,colonização e opressão de um povo.
      2-Em 1949 Lausanne(Suíça) após o conflito de 48 os líderes árabes propuseram o reconhecimento nas fronteiras de 47 onde os USA se comprometiam financeiramente na relocação dos refugiados.IGNORADA POR ISRAEL.
      3-Antes e durante a guerra de 48 o rei Farouk do Egito fez vários esforços pra estabelecer paz com Israel.IGNORADA TAMBÉM.
      4-Em 1949 o governo de Husni Zaim da Síria propôs reassentar 300.000 refugiados palestinos em troca de acesso as águas do Rio Jordão e do Lago Tiberíades.Mesmo com os apelos dos US,UN e de alguns líderes israelenses Ben Gurion IGNOROU a oferta.
      5-Adib Shishakli que sucedeu Husni fez uma proposta mais generosa ainda ampliando pra 500.000 refugiados assentados na Síria.GURION IGNOROU.
      6-Nasser do Egito chegou a manter conversa com alguns líderes de Israel nos anos 50 que foi sabotada por Gurion e Moshe Dayan com uma série de provocações.
      Enfim,paro por aqui porque a lista de iniciativas de paz dos árabes até os dias de hoje é extensa mas que a imprensa-empresa ignora.
      Se a proposta atual for aquela que eu tenho visto veiculado por alguns observadores representaria a pior de todas que já foram feitas.Seria a situação de “se correr o bicho pega se ficar o bicho come”,ou seja,se os palestinos não aceitarem Israel continuará a sufocar gradativamente os bantustões palestinos impunemente e se aceitarem o sufoco continuará só que de forma legalizada.
      Dou razão a revolta dos que procuram blindar a insanidade política dos líderes que defendem diante das críticas mais no sentido de que esses próprios líderes tem se encarregado de mostrar as suas verdadeiras faces.Realmente uma mea culpa não faria mal a ninguém.

      1. não sei de onde saiu tanto absurdo junto, mas
        no item 1, o sr afirma em superioridade bélica?! de Israel?! Nessa é poca, caro istoriador(!!!), os países árabes(todos eles) eram muito mais poderosos que o bebê Israel, cujos habitantes eram formados em sua maioria, por escapados do holocausto nazista, sequelados e psicologicamente destroçados, com armamentos construídos como artesanato, por artistas da época, ou recuperados dos deixados para trás, como irrecuperáveis, pelas forças britânicas!
        No item 2, se Israel aceitasse as fronteiras de 47, seria aceitar então a não existência do próprio estado, fundado e delimitado em 48!!
        ora, por favor, discutamos História, não istorinhas…

      2. “Antes e durante a guerra de 48 o rei Farouk do Egito fez vários esforços pra estabelecer paz com Israel”: é este tipo de imprecisão e malabarismo de vocabulário que só protelam as coisas. Claro que os vizinhos árabes reconheceriam de bom gosto Israel, com tanto que sua existência fosse inviabilizada.
        Acho muito triste que pessoas que se interessam pelo tema como você Moisés, ignorem deliberadamente a realidade para justificar a cegueira ideológica. Você precisa conhecer melhor Israel, suas fraquezas e virtudes para perceber que boa parte desta autocomiseração dos palestinos é fruto da incapacidade de vislumbrar seus próprios erros.

        1. Se vocês não concordam com o que foi dito pelo Moisés, por que não refutam ponto a ponto ao invés de só mandar estudar e etc…

          😉

          1. Heitor,pois é,percebo uma dificuldade muito grande em reconhecerem a maior responsabilidade de Israel neste conflito o que só reforça a minha convicção de que ainda não estão preparados para pagar o preço pela paz.Se os líderes que tentaram ou foi assasinado ou execrados pela opinião pública doméstica o que esperar quando se posicionam em relação aos nossos contrapontos.Ab.

          2. Glauceste,sugiro começar por Jerome Slater. Mo’adim Lesimkha,Merry Christmas, Milad Majid,FELIZ NATAL,etc. para todos!!!

          3. Jerome Slater é professor da SUNY de ciência política e ocasional Huffington Post blogger. Ele não escreve exclusivamente sobre os israelenses e os palestinos, mas quando o faz é sempre anti-Israel. Ele atingiu uma nova baixa com o seu mais recente artigo intitulado ” O Relatório Goldstone eo israelense “Direito de Auto-Defesa” ” Sim, isso é certo. O direito de Israel à auto-defesa é colocado em aspas…

          4. Joel, virou lugar comum chamar de anti-Israel tudo e todos que procuram ter um pensamento crítico em relação a ela por mais sério que seja o profissional,se próprios líderes seus não escapam!!Entendo essa postura como uma blindagem a desvios de uma condução política perniciosa cujos argumentos não mais convencem. Por outro lado entendo também que é difícil terem uma postura diferente,afinal, Israel se encontra “ainda” em uma posição confortável diante disso.Mas acredite,isso não ajuda em nada a causa que defendem diante da opinião pública(se é que se importam com ela).

          5. moises, negar o direito de auto defesa a um país é muito diferente de ” blindagem a desvios de uma condução política perniciosa’… vamos falar claro e direto que é melhor para todos!

          6. Joel,direito a auto defesa todos os países as tem e no caso de Israel não se confundem com as ocupações criminosas,opressivas sobre um povo e que fere o direito e as leis internacionais.Israel saberia se defender muito bem dentro das linhas que lhe é reconhecida dentro do direito internacional e que aliás também não reconhece territórios ocupados pela guerra.As leis bem ou mal elas existem dentre outras coisas para serem cumpridas,ou não?sendo assim, falando diretamente Israel tem agido de forma criminosa.Afinal, vc defende os assentamentos?Vc consegue reconhecer que não é 2% a mais de terra que fará Israel mais ou menos segura a não ser que haja uma intensão deliberada de expansão?Vc consegue reconhecer as várias propostas de paz dos árabes e que teve como resposta sempre mais opressão,mais ocupação?Vc consegue reconhecer a maior responsabilidade de Israel para a paz?Vc consegue reconhecer que o fim do radicalismo vem junto com o fim do conflito,pois que ela se alimenta disso?Vc consegue reconhecer que a segurança em conflitos nunca é uma condição e sim uma consequência da paz adquirida de maneira equilibrada segundo os parâmetros de justiça das Nações Unidas?
            Não tem “se” e nem “mas”,ou é “sim” ou “não”.Caso alguma resposta for “sim” então há luz no final do túnel,caso contrário,não há nada que eu possa fazer pra clarear as suas percepções.

          7. moisés: vou te responder a tudo isso com um único lembrete da história recente: Israel saiu unilateralmente de Gaza, ação essa comandada por ninguém menos que A.Sharon, brigando literalmente com centenas de cidadãos israelenses que eram contra essa medida porque achavam que o território seria transformado em um antro terrorista! Ele lutou por isso e veja o que aconteceu?! Fazendas e centros irrigados foram destruídos; plantações destroçadas e fábricas de foguetes (e só isso) foram construídos! Do que serviu essa retirada?! Do que servirão outras retiradas?! Enquanto não houver um verdadeiro acordo, meu caro, não haverá devoluções! “Quando os árabes amarem mais a seus filhos do que nos odeiam, haverá paz!”

          8. ah Moises… que bom seria se a vida fosse tão simples assim! Sou absolutamente a favor da devolução e contra os assentamentos… desde que haja total e completa garantia de estabilidade e paz! E vc? Acha que isso seria possível?

          9. Com relação a sua pergunta já me posicionei em um post anterior e como a resposta é um pouco longa sugiro ver no artigo de 4/11 “O dia em que um israelense assassinou seu premiê”.
            Acrescento dizendo que a política em um país democrático é bastante influenciado pela opinião pública doméstica e tanto historicamente como testemunho pessoal também do conflito e considerando Israel o maior responsável pela paz ou guerra na região(o meu post explica sumariamente o porquê?),vejo com preocupação um corporativismo que beira o radicalismo da grande maioria em Israel que por vir do lado muiiito mais forte tornar-se muiiito maior do que do lado árabe o que me faz ver com pessimismo mas com uma luz no fim do túnel uma paz politicamente resolvida.
            Entenda como uma crítica não ofensa a minha percepção de que vejo uma opinião pública em Israel bastante alienada e influenciada pela mídia local que na grande parte das vêzes é parcial e omissa(assim como nas grandes mídias do mundo) em relação aos acontecimentos a sua volta.Sinto falta em um estado altamente instruído e tecnológico
            questionamentos políticos,tais como(falando em 3º pessoa):
            -Será mesmo quando houve a Nakba os sionista acharam que ia ficar por isso mesmo,se não tivesse sido premeditado, com um histórico de conflitos anteriores desde Balfour?
            -Se Gurion já tinha compreendido a reação dos palestinos porque então continuamos a fazer com eles aquilo já fizeram conosco um dia?
            -Porque nós não correspondemos nas vezes que os árabes estenderam as mãos para a paz?
            -Porque sabotamos as vezes que nós tentamos?
            -Sendo assim, que ameaça existencial é essa tendo as armas mais letais do mundo e com poder de fazer as coisas acontecerem?Porque então não fazemos o que a lei manda e vamos cuidar de nossas vidas?
            São muitos os porques que sinto falta na opinião pública caseira?
            Mas os posicionamentos que mais vejo metaforicamente falando são coisas do tipo “manda quem pode e obedece quem tem juízo”,”faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”,etc.
            Espero que vc tenha entendido como eu vejo as coisas.

        2. De fato as fronteiras estabelecidas pela ONU em 47 inviabilizaria um Estado judeu pretendido pelos sionistas da época por isso provocaram a guerra.
          Quanto a malabarismos,imprecisões,etc.,isso deixo por conta da hasbara porque nisso ela é imbatível!!!

          1. desculpe sr moisés, mas essa guerra não foi provocada por uma Israel fraca, despreparada e temerosa. Foi iniciada por 5 poderosos países árabes, armados e treinados pela então URSS!

  3. Superioridade de 1 estado recem-nascido sobre 5 já estabelecidos,só este “argumento” já mostra a seriedade do post…

    1. Me diz qual dos 5 estados “estabelecidos” tem armas nucleares (os sauditas vão ter agora com apoio dos EUA contra o Irã) e uma indústria bélica que exporta para o mundo todo? (que adora uma provocação para testar os brinquedos).

      Com o apoio total dos EUA até eu faço um estado amanhã se tornar essa potência, ocorre o mesmo com o Japão, Córeia do Sul (não era nada antes da guerra fria), europa e o plano marshal e etc.

      1. meu caro heitor, a discussão no caso se reporta ao ano de 1948, quando a recém fundada Israel era composta basicamente de refugiados do Holocausto. Àquela época a disputa russo-americana era muito recente e equilibrada. Ambos respeitavam com muito receio seu adversário. Não havia então um maciço apoio americano ao Estado Judeu! Ao contrário dos países árabes fortemente sustentados pela URSS. Com muito custo e muita diplomacia, somente pelos anos 60 Israel começou a conseguir algum apoio do então Estado Frances e da Tchecoslováquia(!!). O grande apoio americano só irá tomar corpo depois da Gurra do Yom Kippur, já nos anos 70! A capacidade nuclear de Israel, especula-se, tenha começado no final dos anos 50, com uma base da tecnologia francesa, mas amplamente desenvolvida mesmo pelos cientistas locais!

  4. “É pessoalmente doloroso para mim negociar sob esse fardo, entre funerais e demolições de casas”, ele afirmou. “Israel tem de escolher entre a paz e os assentamentos.”

    Falou tudo e resumiu o por que dessa paz nunca vir ou virá.

        1. uma descrição não faz História! Eu duvido de cada palavra dessa senhora, desculpe… Inúmeros outros relatos de atrocidades palestinas poderiam ser descritos pelos israelense! Não se deixe impressionar por uma única declaração isolada: a História como um todo é que diz aonde está a verdade!

          1. posso te indicar mais milhares de outras mostrando a violência árabe/palestina!que é isso? uma disputa de horrores?

  5. Prezado Diogo,

    “Qual é a importância do apoio da Liga Árabe ao processo?
    É decisivo. Somos um único bloco quando o assunto é Palestina. A iniciativa árabe para a paz é nossa fórmula para o acordo com Israel.
    Esta resposta de Erekat a você é o ponto principal para qualquer acordo entre palestinos e israelenses.
    Enquanto a Liga Árabe, através da quase totalidade dos seus afiliados, não reconhecer o Estado de Israel e, a partir daí, avalizar qualquer acordo definitivo dificilmente, teremos paz na região.
    Outro ponto, as dezena,s de grupos que fazem do terror suas bandeiras em relação à Israel. Esses grupos por acaso abdicarão de atacarem território israelense a partir de um Estado Palestino estabelecido.
    Hoje mesmo, uma bomba estava para ser explodida dentro de um ônibus nas cercanias de Tel Aviv. Essa política de terrorismo sempre latente perduraria “ad infinitum” ?

    1. “The Gaza spokesmen of the Palestinian Hamas and Jihad Islami praised the Bat Yam bus explosion Sunday as a bold feat of the Palestinian resistance which succeeded in reaching deep inside Israel. “The resistance will not stand by idly,” said the two spokesmen. “Bat Yam was only the first strike of a new campaign of terror.” http://www.debka.com/newsupdatepopup/6715/.

      Como considerar sucesso em negociações quando diversos grupos terroristas insistem que a violência seria a única forma de lidar com o Estado de Israel.
      A Autoridade Palestina, através de Abbas e seus negociadores, não abrange, não tem influência suficiente e não está autorizada a representar estes grupos nas negociações.
      Hoje temos dois territórios palestinos bem distintos. Governados por interesses que vão do encontro à paz e outro de encontro à violência do confronto.
      Cabe ao mundo árabe e aos palestinos apoiarem qual facção palestina seria a melhor opção para a obtenção da paz. Do jeito que está teremos duas Palestinas. Uma em Gaza e outra na Cisjordânia.

      1. “news website Ynet quoted Dan spokesman Eitan Fiksman as saying. The authorities had initially suggested the attack might have been connected to an often violent power struggle among gangsters in the Bat Yam area”.
        Sinceramente,penso que foi mais retórica dos radicais do que terem feito isso.Abbas e Hamas sabem que não há espaço para o terrorismo nessa negociação e Israel sabe que o fim deles depende muito do que estão dispostos a aceitar em relação as leis internacionais.

    1. Apoio a pergunta do Matheus.embora ache que a resposta será em tom diplomatico-imparcial;o que também é um direito do Diogo…

    2. Matheus, eu cheguei à região recentemente. Assim, me dou o direito de ser otimista, o que para alguns pode equivaler a ser ingênuo. Tenho esperança de que possamos comemorar, em abril, algum tipo de solução a este conflito.

      1. Tomara que esteja certo, Diogo, mas eu sou muito pessimista, Israel jamais abrirá mão das colônias, mesmo que isso custe outra intifada, o que seria bem-vindo para colonizar o resto com pose de heróis e dar uma “limpada” na região.

  6. Diogo,
    No post anterior, um dos seus leitores afirmou que eu era um provocador por ser ateu e participar d eum blog do oriente medio.
    Gostaria de saber se para participar do seu blog e’ necessario ter algum tipo de religiao?

    E’ esta uma condicao para poder participar? Se eu nao tiver religiao , continuarei a ser ofendido por nao ter religiao?

    1. Marcio, não. A condição para participar deste blog é manter o respeito em relação à opinião alheia. Estou atento às discriminações. Obrigado! Diogo

        1. Eu também! Mas os fanáticos daqui a pouco vão explodir bomba nis “non believers”!
          Opinião e’ uma arma perigosa!

          1. Fanático? Só estou pedindo que respeitem as religiões das pessoas… Diogo disse estar atento as discriminações e eu completei o comentário dele dizendo que também existe discriminação contra religiões!

        2. Ué, CUBA e Córeia do Norte são as nações mais céticas do mundo e ninguém que ir para lá, logo nota-se a superioridade de tal pensamento.

          1. Nao eles nao sao ceticos, sao comunistas. Outra forma de”religiao” tranqueira.
            Se voce ler sobre o movimento ceticista, tenho certeza que vai gostar. Vale a pena tentar.

            There is no hell, there is no haven, enjoy life!

      1. Alias, pra sua informação, nao sou ateu , sou apenas cético. Também para sua informação, nos céticos somos bem organizados. O mundo seria vem melhor com mais céticos.

    2. Aliás, você não é um provocador por ser ateu, pois isso é problema seu, mas sim por chamar as religiões dos leitores de “estórinhas”.. O que no meu ver é uma descriminação e atenta contra a liberdade religiosa.

      1. E’ meu direito inalienável ter uma opinião. Isso ninguém pode tirar.
        A partir do momento em que fico proibido de achar que religião e’ algo ridículo, nota-secularmente como alguns religiosos, tentam intimidar o direito de pensar.
        Religião e’ uma porcaria, na minha opinião.
        Abaixe a ditadura fundamentalista!

        1. Ah eu não posso ficar ofendido, mas se eu falar que cetismo é uma porcaria tu vai vir com 7 pedras na mão!

          Abaixo a ditadura fundamentalista!²

          1. Lembrando que o seu direito termina quando começa o do outro, no caso quem invadiu minha liberdade religiosa e de todos aqui chamando as religiões de ridículas foi você, não eu (que utilizo agora de meu direito de defesa).

          2. Eu nao vou atirar pedra nenhuma, alias nunca atirei. Limito-me aos fatos.

            E continuo achando religiao estorinha, imagina acreditar que o maome foi na montanha e falou com o criador! E’ mole? Ou que moises abriu o mar, ou que maria era virgem!

            Se isso nao e’ estorinha e’ o que???

  7. Dê a essa senhora a opção de transferência para um país árabe e saberemos se fala a verdade ou não. Pelo teor da narrativa parece que não aceitaria sair de Israel sob nehuma condição. É impossível alguém, em sã consciência, fazer opção por permanecer a vida inteira num lugar onde está sendo maltratada e sem direito nenhum. Logo, essa estória merece averiguação. Afinal, trata-se de uma mulher árabe com opção de transferência para outros países muçulmanos e com cultura e tradição próximas da sua, e não de uma judia sem opção nenhuma a não ser permanecer no seu próprio país.

    1. Perfeito Benny!E que “incompetencia” do Exercito de Israel,que nao consegue tirar uma idosa de uma caverna,mas consegue lutar contra 3 ou até 5 exercitos ao mesmo tempo…mas tem gente que acredita até no Jerome Slater,entao…

  8. Acho que porisso que simpatizo com os israelenses. De uma certa maneira sao bem céticos, pragmáticos. Construir uma nação tecnológica no meio do deserto , cercado por inimigos no mundo todo e’ pra admirar! Ter orgulho mesmo!
    Poderiam ter escolhido a choradeira e perder tempo e nao construir porcaria nenhuma! Mas foram pragmáticos.
    Parabéns Israel, um exemplo para o mundo!

    1. E que não deixa de ser religiosa com estrela de davi na bandeira e tudo.

      Aliás os EUA são o país onde mais existem seitas no mundo e isso não os torna piores.

      Reino Unido, Japão, Córeia do Sul, enfim.. país de primeiro mundo onde a religião convive com o ceticismo.

      1. Como falei, e voce nao leu, “de uma certa maneira”.
        Voce leva tudo a nivel muito pessoal. seja mais cetico!

      2. A estrela de Davi não é um simbolo religioso, não pertence ao judaísmo. Tem muitos aqui que não sabem nada de Israel e dos judeus e se colocam como professores, um absurdo.

        1. Ok, não é um símbolo usado pelos judeus, só um mero detalhe que apareceu já no século IV a.C. na cidade de Sidon. Também aparece em muitas sinagogas antigas na terra de Israel datadas da época do Segundo Templo.

          Tem muitos aqui que não sabem nada de Israel e dos judeus e se colocam como professores, um absurdo.²

  9. Nossa, fiquei fora uns dias e quando volto o blog está em chamas!!!

    Quanto à pergunta do Diogo, eu gostaria de acreditar, pois sou pacifista acima de tudo. No entanto, acho que nenhum dos dois lados está pronto a ceder tanto quanto é necessário. Israel precisa no mínimo se retirar da Cisjordânia, abandonar as colônias e cessar o bloqueio a Gaza. Já os palestinos precisam abrir mão da violência e do terrorismo, reconhecer Israel nas fronteiras pré 1967, e declarar um estado também baseado nessas fronteiras, se comprometendo a combater grupos radicais e prevenir ataques a seu vizinho. Isso tudo é bem complicado de se conseguir, e ainda nem comentei a questão do retorno dos refugiados palestinos, o controle de manaciais, o trânsito de futuros cidadãos palestinos entre Gaza e Cisjordânia, entre outros pontos secundários mas não menos espinhentos.

    Resumindo, ainda tenho esperança na paz, mas acho que essa rodada de conversações não vai dar em nada. Espero estar errado quanto a isso.

    Já quanto ao debate que surgiu a partir do comentário do Moisés, e ao debate sobre ateísmo, ceticismo e religiões, eu dou meus pitacos depois.

    1. “Israel precisa no mínimo se retirar da Cisjordânia, abandonar as colônias e cessar o bloqueio a Gaza. ”

      Cara, isso é mais impossível que chover canivetes, mas como tu disse também, só resta a esperança, entretanto, o fato é o inverso: A Cisjordânia será colonizada até não haver mais palestinos lá, o último reduto será a faixa de gaza.

      Para isso mudar somente com uma grande mudança de opinião dos EUA, pois se eles baterem o pé esse sonho acontece em 2 dias.

      Infelizmente pelo que vejo nem democratas e muito menos republicanos vão fazer alguma coisa em médio prazo.

      1. Pois é, Heitor, e o outro lado da moeda que eu mencionei também é bem difícil de acontecer. Acho que para a maioria dos palestinos, declarar um estado nas fronteiras pré-1967 e reconhecer Israel dentro dessas fronteiras é visto como uma derrota, e significa abrir mão de quase 80% do território que, na visão deles, lhes pertence legitimamente e foi roubado pelos israelenses. Acho que os palestinos tampouco estão prontos a ceder, e no fundo também desejam o território todo para si. Quando os dois lados resolverem acordar e perceber que nenhum deles conseguirá expulsar o outro, seja com violência ou não, aí eles estarão prontos para ceder e negociar uma paz duradoura. Mas não vejo isso acontecendo nessa geração.

        1. Beto,vc desconhece as propostas da Liga árabe em reconhecer Israel nas fronteiras de 67 feitas em 2002 e 2005?Fora outras intenções que poderia listar aqui.

          1. Caro Moisés, eu conheço essas propostas. Mas a Liga Árabe não representa os palestinos. Além dessas propostas – e as conferências que as geraram – nunca tocarem no assunto do terrorismo palestino ou estabelecerem algum comprometimento do lado palestino em cessar e reprimir qualquer forma de ataque, também tem o fato de que vários grupos mais fanáticos e radicais palestinos não aceitam abrir mão de todo o território até que Israel deixe de existir. E infelizmente esses grupos têm mais apoio popular do que eu gostaria que tivessem, e suas ações podem pôr abaixo qualquer iniciativa de paz.

          2. Beto,vejo que vc não acompanhou posts meus anteriores onde detalho mais sobre estas propostas.Poderia listar pra vc desde 48 as tentativas de paz por parte dos árabes(algumas elenquei acima)mas pra ficar apenas nas suas considerações digo que qualquer proposta feita aos palestinos passa necessariamente por uma consulta junto a Liga Árabe a fim de obter apoio,ou seja os dois trabalham juntos.
            Citando apenas a proposta de 2002:
            Em 2002 a Liga Árabe propõe o reconhecimento conjunto de Israel nas fronteiras de 67.O plano de paz estipula ainda “uma regulamentação justa do problema dos refugiados palestinianos conforme a resolução 194 da Assembleia Geral da ONU”.

            A cimeira terminou apelando “ao Governo e a todos os israelitas” que aceitassem a iniciativa, “para proteger as hipóteses de paz, acabar com o derramamento de sangue e permitir aos países árabes e a Israel viverem em paz, lado a lado”.
            Se isso não for uma iniciativa implícita de acabar definitivamente com o terrorismo,então não sei o que é?
            Vc tem dúvidas de que o radicalismo se alimenta de conflitos?
            Vc tem dúvidas qual dos lados precisa cumprir as leis e uma vez isso ocorrendo o radicalismo não encontrará mais espaço e junto vem a segurança desejada?
            Lembro que a segurança em conflitos nunca é uma condição e sim uma consequência da paz adquirida de maneira equilibrada segundo os parâmetros de justiça das leis internacionais.

          3. Moisés, eu entendo que você está tentando mostrar que o lado árabe/palestino do conflito “estendeu a mão” para a paz diversas vezes, e que o lado israelense sempre rechaçou essas iniciativas, mas discordo de sua visão. Na minha opinião, ambos os lados “estenderam a mão” diversas vezes, mas nunca de forma genuína nem tampouco dispostos a ceder, sempre tentando “puxar a sardinha para sua brasa”.

            Concordo com você que propostas de paz passem pela Liga Árabe, mas o que eu disse é que a Liga pode apoiar os palestinos e dar seu aval, mas sua palavra não é necessariamente acatada por todas as facções palestinas.

            Já quanto a seu argumento acerca de iniciativas implícitas de acabar definitivamente com o terrorismo, o lado árabe/palestino nunca chegou a um comprometimento maior do que o implícito, o que é uma forma muito tácita de se proceder se a intenção é um processo de paz. Infelizmente, qualquer declaração explícita de combate ao terrorismo por parte da Liga Árabe ou do governo palestino seria recebida com revolta por facções mais radicais que ainda defendem o uso de violência, e seria muito impopular. Sendo assim, ninguêm se arrisca a ceder mais do que uma declaração tácita e implícita.

            Quanto a suas questões ao final de seu cometário, as respondo agora. Sim, eu concordo que o radicalismo se alimenta de conflitos, e de miséria, e se você for ler meus comentários mais antigos neste blog, verá que não é de hoje que eu defendo que Israel congele a expansão de assentamentos, retire o bloqueio a Gaza e propicie aos palestinos condições dignas, como forma de se aliviar a miséria e enfraquecer as estruturas terroristas.

            No entanto, não basta só isso, pois para os líderes dos grupos radicais palestinos, aceitar um acordo de paz significaria perder o poder sobre seus grupos, já que a proposta de luta armada, que é o cerne de tais grupos, não seria mais necessária uma vez que seus objetivos fossem atingidos. Por isso, os objetivos de grupos radicais são sempre ou vagos o suficiente para que seus líderes possam afirmar que ainda não foram atingidos, ou são virtualmente impossíveis de se atingir, para que assim seus líderes possam sempre manter-se no poder desses grupos.

            Ou seja, a questão do desmantelamento das estruturas radicais terroristas não é tão simples assim.

            Quanto a qual dos lados precisa cumprir as leis, eu digo que ambos. É claro que, Israel sendo uma entidade pertencente ã ONU, é sua obrigação acatar resoluções dessa organização. Mas a Palestina, em sua aspiração a ser uma nação-membro dessa mesma organização, também deve acatar as leis e princípios da mesma, e abdicar, reprimir e combater o uso da violência contra a nação vizinha.

            E como eu já disse, o simples fato de Israel acatar as resoluções da ONU não irá acarretar automaticamente no fim de ações terroristas e na segurança desejada, pelos motivos que citei acima.

            Concordo com você que a segurança não é condição de um processo de paz e sim consequência, mas um mínimo de garantias em direção a essa segurança e gestos que demonstrem uma real intenção em se combater os grupos radicais são sim condições para um processo de paz.

            Concordo que Israel tem uma boa parcela das responsabilidades em relação a um processo de paz, mas não é o único que deve dar passos em direção à paz e ceder, e tampouco é o único a sabotar ofertas de paz do outro lado.

            Por tudo isso foi que eu declarei minha descrença na atual rodada de negociações, pois nenhum dos dois lados está disposto a ceder o suficiente para que se chegue a um acordo.

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