Drummond e os territórios palestinos
Peço perdão aos leitores por minha ausência neste blog. Estou fora do país, a trabalho, e não vou conseguir atualizar meus relatos. Mas, como quero manter um diálogo constante aqui, vou sugerir como tópico para discussão minha reportagem recente na Folha sobre os jardins do vilarejo de Bilin, plantados em cápsulas de gás lacrimogêneo. Vocês podem ler o texto original clicando aqui.
Foi minha segunda passagem por Bilin nos últimos meses. Antes, eu havia estado ali para entrevistar o cineasta Emad Burnat, autor do documentário “5 Câmeras Quebradas”. A vila de Bilin se destaca na região por dois motivos, ambos personificados em Burnat. Em primeiro lugar, porque Bilin é o centro de atividades de resistência palestina, o que significa que a região é constantemente monitorada pelas forças de segurança de Israel em termos de distúrbios e terrorismo. Não por acaso meu carro foi revistado pelo Exército, incluindo o motor, quando saí do vilarejo –pela primeira vez desde que cheguei a Israel, em março.
Outro motivo para que Bilin se destaque entre outros vilarejos é o fato de que, por Burnat ser casado com uma brasileira, toda a região ter uma estranha afinidade com o Brasil. Não apenas a porta da casa do cineasta, que é pintada com a bandeira brasileira, e não só seus filhos, que caminham com camisetas da seleção. Na minha recente visita, encontrei uma nota de R$ 1 em um mercadinho, enfeitando a parede.
Tudo isso dito, decidi começar a reportagem sobre as flores da guerra citando uma versão modificada de um poema brasileiro que, em retrospecto, parece ter sido composto para um momento como esse:
Tivesse Carlos Drummond de Andrade nascido no vilarejo de Bilin, na Cisjordânia, talvez o seu poema “A Flor e a Náusea” variasse. Em vez de “uma flor nasceu na rua!”, o autor escreveria algo como:
“Uma flor nasceu na granada! / Passem de longe, blindados, tanques, rio de aço do tráfego / Uma flor ainda desbotada / rompe o gás lacrimogêneo / É feia. Mas é flor. Furou o cartucho, o tédio, o nojo e o ódio.”
Por coincidência, um terrorista palestino foi pego ontem numa caverna em Bilin .
Em 2012 este terrorista havia explodido um ônibus lotado em Israel, ferindo e tirando a vida de 29 pessoas.
Toda História tem 2 lados.
Precisamos aprender a ver os dois para sermos mais equilibrados!
Que tal fazer uma reportagem sobre este ônibus explodido por este terrorista palestino?
Se talvez vc pelo menos tentasse se informar um pouco melhor saberia que aquele ataque não tirou a vida de ninguém. Deixou 29 feridos, nenhum morto. E foi durante a operação israelense em Gaza que matou 170 palestinos, entre eles 100 civis – números da ONU – incluindo 14 mulheres e 30 crianças em Gaza. Que tal esse lado da história? Que tal vc se informar sobre o que está acontecendo em vez de achar que ser judeu é sinônimo de defender as atrocidades que Israel comete? Sou contra ataques contra civis, mesmo que não deixe mortos. Mas sou contra também um estado que pratica terrorismo e faz o que bem entende por achar que tem uma justificativa histórica para isso
Bem dito, Ricardo.
Abraço.
Ainda bem que esse terrorista palestino conseguiu “apenas” ferir 29 pessoas em um ônibus lotado.
Já pensaram em fazer algo útil pela Humanidade, ao invés de inventar os homens-bomba?
Ainda bem mesmo que não houve fatalidades, é sempre horrível quando isso acontece, independente do quem seja o alvo. Mas é preciso reconhecer que os atentados a bomba não foram inventados pelos palestinos não. Antes deles outros grupos já usavam essa técnica. Para ficar na região, acho que o episódio mais conhecido é o do hotel King David, em 1946, quando terroristas judeus explodiram o local, matando 90 pessoas (os alvos deles eram os britânicos). Não se esqueça que o estado de Israel nasceu em grande parte do terrorismo judeu. A história é bem documentada, basta procurar.
“Eles atiram para matar, mas nós usamos a beleza. Amamos a vida.”
Era bom eles explicarem esta frase ao terrorista palestino que se escondia em seu vilarejo. Senão, podemos chamar de hipocrisia!
Prezado Diogo,
os cemitérios israelenses também estão cheios de flores que, florescem entre as lápides dos civis assassinados por terroristas que não lhes deram a mínima chance de defesa.
A busca da paz sem que reconheçam o direito de Israel existir e coexistir é pura fantasia de quem não à quer.
Territórios podem ser devolvidos, já a certeza de que a plena segurança e o respeito a tratados serão cumpridos pelos palestinos ?????.
Cemitérios temos aos montes aqui também.. Bem bonitinhos e meiguinhos também. Terrorismo é o que esse desgoverno faz aqui onde morrem 70.000 por ano. (mais que na Síria – 50.000 por ano).
Até o Iraque é mais seguro, sendo sunita, claro.
Ataques esporádicos não se comparam com guerras civis ou militares. Duas torres que mataram 3 mil mataram 1 milhão no Iraque, que foi a guerra de maior mentira já contada.
E você, tanto como eu, sabemos que territórios não serão devolvidos mesmo que os palestinos reconheçam Israel. Afina o Egito reconhece Israel e nada mudou, aliás só piorou.
Enquanto todo mundo fica com esse papinho todos os territórios serão ocupados até não haver mais para quem devolver, tudo sob as benção dos ditadores boçais comprados pelos EUA e sauditas.
Antes que me acuse de querer jogar os judeus no mar (provável reação a qualquer fala), saiba que não sou contra Israel existir.
Abraço.
Prezado Heitor,
” Afina o Egito reconhece Israel e nada mudou, aliás só piorou”.
O que Israel tem a ver com os problemas internos dos egípcios ? Devolveu todo o Sinai. Que no momento está infestado de terroristas de todos os matizes que já mataram dezenas de soldados e oficiais egípcios.
“Antes que me acuse de querer jogar os judeus no mar (provável reação a qualquer fala), saiba que não sou contra Israel existir”.
Você não precisa ser. Bastam o hamas, hizbullah, jihadistas de todas as espécies, os varredores de Israel do mapa e por aí vai.
Enquanto isto, fique só na torcida porque a fila é grande !
Muito poetico seu texto.
Quem pode gostar de guerra?
Mas como diriam os “Titans”,
“a vida e’ pra valer”
Diogo,a palavra Resistencia Palestina e
simplesmente um absurdo neste contexto
ou em qualquer comentario,seja la qual for.
Resistencia de que forma? Quem esta impedidndo os “arabes” Palestinos de serem livres? foram eles que escolheram o Hamas para serem seus lideres,nao foi Israel.Sao estes “Palestinos” a quem nos
fornecemos Agua,Luz,Eletricidade,Material
de construcao,(alias este ultimo item eles
recebem cimento para construir tuneis para tentar sequestrar nossos soldados ou praticar atos terroristas).E por fim vivem tentando nos matar via Kassams
ou Grads.Como voce entende isto?
Artistas da ourivesaria israelense também têm executado trabalhos belíssimos com os restos dos kassames contorcidos que caem no sul do país.