Estatísticas e o risco da pobreza em Israel

Diogo Bercito
Homem durante ritual no Muro das Lamentações, em Jerusalém. Crédito Joel Silva/Folhapress

Israel, por razões que vão das culturais às econômicas, às vezes se apresenta como uma espécie de país europeu deslocado do continente, quase como se estivesse no Oriente Médio por acidente geográfico. Em comparação com seus vizinhos –Líbano, Síria, Jordânia, Egito–, que visitei em outras ocasiões, o país tem de fato uma identidade distinta da região.

Mas os números frequentemente voltam a assombrar a sociedade israelense com a realidade de sua desigualdade e dos desafios a vencer, para além das discussões a respeito do conflito militar e da ocupação dos territórios palestinos. A mídia local, em especial o “Jerusalem Post”, tem discutido durante esta semana um recente estudo do Escritório Central de Estatísticas notando que quase 40% das crianças em Israel correm o risco de cruzar a linha da pobreza –na União Europeia, são 20%.

Os dados, que se referem a 2011, também dão conta de um crescimento na pobreza israelense. Em 2001, 26% dos cidadãos estavam em risco. Hoje, são 31%, de acordo com as estatísticas. A média europeia é de 17%, com ápice nos países em forte crise econômica, como Espanha (22%) e Grécia (21%).

Para o professor de bem-estar social Ashar Ben-Arieh, ouvido pelo “Jerusalem Post”, “uma coisa se destaca particularmente, que é o fato de que as taxas em Israel são o dobro das europeias”. Para Ben-Arieh, os números são resultado de “políticas econômicas que constantemente aumentam o abismo sócio-econômico“.

Isso porque a definição de linha de pobreza usada em Israel é, como a análise que você pode ler clicando aqui, é relativa. Ou seja, o conceito é definido de acordo com o restante da economia nacional. A pobreza relativa aponta qual parcela da população tem renda de menos de metade da mediana nacional. O que significa, em outras palavras,  que “a pontuação de israel mostra mais sobre a distribuição de renda no país do que a condição de vida”, segundo o texto do “Jerusalem Post”.

As definições significam que, em Israel, é considerado pobre quem tenha renda menor do que R$ 1.417. Rendas menores do que R$ 2.126 colocam uma pessoa sob risco de pobreza, de acordo com as normas. O estudo original está disponível, em hebraico, aqui.

População em risco de pobreza, comparação 2001-2011. À direita, Israel; no centro, em destaque, média da União Europeia. Fonte Escritório Central de Estatísticas

Comentários

      1. Apesar dos numeros acima expostos serem aparentemente alarmantes, a realidade israelense é a princípio incomparável com a de outros paises pois a solidariedade humana ,a caridade praticada e a benemerencia, por serem uma obrigação bíblica que sempre acompanhou a nação judaica por milhares de anos, sempre assumiram proporçoes sem paralelo, no globo terrestre!

    1. Marcelo, para mim o estado de israel é mais um estado americano, muito mais do que o declarado porto rico. Mexer com eles é o mesmo que mexer com os EUA. É apenas minha impressão analizando a história dos conflitos no oriente médio!

      1. ger,
        E’ eles sao aliados. Mas nao desta maneira que voce acha.
        Tem muita gente nos EUA que nao gostam do envolvimento dos EUA com israel.

    2. E isso que vai acontecer em breve. So nao pelo motivo dito por ai, e pelo o contrario, o saco dos americanos ja esta cheio de Israel.

  1. E aqui que classe média, para o PT, ganha R$ 1.400?

    Sem falar que essa parcela deve ser com relação aos serafadi, um judeu ashkenazi deve estar bem longe dessa linha.

    Hoje foi publicada uma pesquisa que 0.7% das pessoas do mundo tem 41% da riqueza, a tendência é piorar.

    Abraço.

  2. essa e boa!

    brasileiros(brasil -11800 $ pib per capita
    comentando sobre uma suposta pobreza
    em israel onde o pib per capita-35000$!
    como foi citado a pobreza em israel e relativa.sendo assim pobre em israel e classe media ou acima no brasil

  3. A ilank:

    Em primeiro lugar, perdoe a si pela própria ignorância. Brasil, 2013: 201 milhões de habitantes; Israel, 2013: 10 milhões…Quão impertinente é o seu comentário, hein!

    Em segundo lugar, esse estudo definitivamente esconde a diferença de ganhos entre os mizrahim, os sefaradim, os ashkenazim…Os mizrahim e sefaradim são bucha de canhão na sociedade israelense. É uma pena que estas bravas pessoas que viveram junto com cristãos e muçulmanos há muitos séculos na Península Ibérica, em aparente harmonia, sejam bucha de canhão, ”merecendo” os postos mais baixos na sociedade israelense. Os mizrahim então,…são ridicularizados.

    Pois bem, e em último lugar, prefiro um país que, apesar de sua desorganização, dê chances a pessoas do credo x, y ou z, e de cor de pele a, b, c ou d. Israel, infelizmente, é um estado racista, que não aceita sequer refugiados! Quer dizer, todos os países do mundo, por uma questão de solidariedade devem aceitar refugiados (pouco importando se as contas do Estado vão ser demandadas), mas Israel não, Israel privilegia somente aqueles que juram lealdade a si. Já imaginou tamanho absurdo? Israel consegue ser tão racista quanto qualquer país do golfo pérsico, onde os direitos de nacionalidade só valem para os nascidos naquele torrão de terra (entretanto, se são xiitas – caso do Bahrein- merecem o chicote). Israel expulsou recentemente refugiados africanos (porque a retórica da direita – que os imigrantes roubam, matam – sempre vai prevalecer onde as pessoas não têm coração e amor ao próximo)…isso porque são negros, porque não são judeus…!

    De que adianta, no final das contas, bradar que tem um PIB per capita estonteante (como se o dinheiro comprasse a ideologia, o caráter, a honestidade, e a religião de cada qual) se em termos sociais, o país é uma desigualdade absurda (tanto em termos de estrangeiros quanto em termos dos próprios israelenses)? As pessoas precisam se convencer que esse discurso economicista de PIB, de PIB per capita, isso só agrada aos especuladores, aos fraudadores de plantão. O que os povos querem são políticas efetivas de inclusão de todos no sistema capitalista global.

    1. Prezado André,
      não acredito que sua ignorância seja menor do que o seu antissemitismo. Como as duas coisas são iguais à irmãos siameses, fica realmente impossível dissociar uma da outra.
      Pergunta, quantas vezes você já foi à Israel para afirmações tão categóricas acerca de coisas que definitivamente desconheces e discorres com tamanha impropriedade.
      Um país que retirou milhares de africanos da Etiópia ( louros de olhos azuis ? ) para se integrarem em sua sociedade, apesar de todas as dificuldades das diferenças sociais, culturais e educacionais. Que acolheu outros milhares vindos a pé pelo deserto fugindo da fome e da morte de seus países de origem, tendo escolhido um país judeu por terem sido impedidos de entrar em países muçulmanos, seus irmãos de fé, é o país racista a que se referes ?
      Você com suas elucubrações desprovidas de isenção não consegue, em momento algum, esconder seu ódio e preconceito aos judeus em geral e Israel em particular.
      Como deves viver em algum país escandinavo, desconheces que o Brasil seja um dos países mais desiguais do mundo, sendo que, o racismo aqui inexistente e a pobreza e, a violência inerente à ela, outra mentira, são coisas da mídia,já que, todas as pesquisas desmentem que isso possa estar existindo.
      Um abraço, Luiz.

      1. Luiz, você sabe muito bem que estes etíopes só foram retirados da Etiópia por uma única e exclusiva razão: são judeus. Foram submetidos a rigorosos “testes” para ver se eram judeus o bastante. Se isto não é análogo ao racismo, eu não sei o que é. Imagine, por exemplo, os EUA decidir levar ajuda humanitária à Síria “mas apenas aos cristãos”.

        1. Gustavo,
          poderia nos dar uma aula acerca dos “rigorosos testes” submetidos aos etíopes negros africanos com origem judaica, também conhecidos como falashas, para a obtenção da cidadania israelense.
          Nos comente sobre todos os “rigorosos testes”, para que não pairem dúvidas da lisura das suas afirmações.
          Um abraço, Luiz.

  4. Prezado Diogo,
    até que enfim descobrimos que judeus, no caso os israelenses, não são todos banqueiros, industriais, grandes comerciantes e donos da mídia.
    A “identidade” distinta de Israel na região começa com o fato de ser um Estado Judeu no meio de um mundo muçulmano ao redor. Quanto à um possível “acidente geográfico”, do povo hebreu estar exatamente no lugar de onde provém e se estabeleceu secular e historicamente, acredito que, se Israel tivesse se estabelecido em Uganda, como proposto pelos britânicos, ao invés de um acidente, teríamos uma “insanidade geográfica”.
    Quanto às estatísticas da OECD, as atuais em, http://www.oecd-ilibrary.org/economics/oecd-factbook_18147364 e http://www.keepeek.com/Digital-Asset-Management/oecd/employment/review-of-recent-developments-and-progress-in-labour-market-and-social-policy-in-israel_9789264200401-en#page3 , feitas em seus países membros com o apoio dos governos destes países, no caso de Israel ver em : http://www1.cbs.gov.il/reader/?MIval=cw_usr_view_SHTML&ID=404, trazem números relativos e comparativos com os países que compõem a OECD.
    Em contrapartida o IDH aferido pelo PNUD/ONU em todos os países que a compõem leva em consideração outros parâmetros, e nestes Israel se coloca em níveis absolutos em melhores condições, quando comparado a todos os outros países. Vide último Relatório de Desenvolvimento Humano publicado.
    A discussão do relatório da OECD é extremamente importante para um debate mais profundo nas desigualdades sociais existentes em Israel e, quais medidas econômicas, políticas e sociais tomar-se-ão para minora-las ao máximo.
    O dispêndio monstruoso para equipar, treinar, manter e deixar a IDF em prontidão quase que permanente em suas fronteiras terrestres, sem contar no ar com seus aviões. Os três anos de serviço militar obrigatório (homens) e suas convocações anuais posteriores como reservistas até os 40 anos, faz sangrar a economia israelense ano após ano por conta de um conflito de décadas e em que todos só tem a perder.

    A criação de um Estado Palestino que reconheça, junto com os outros países da região, o direito do Estado de Israel existir, e coexistir, é a única e verdadeira forma de diminuir desigualdades em toda aquela região.
    Somente com a paz haverá progresso e desenvolvimento para aqueles que mais se prejudicam e se empobrecem nas carências e conflitos do dia a dia.

  5. Os vizinhos árabes querem destruir Israel.Que o diga o Hamas, que em seu estatuto diz claramente querer DESTRUIR o Estado de Israel.
    Acho engraçado as pessoas falarem das coisas sem o mínimo de conhecimento.Vocês já viram algum movimento GLBTS em Meca? Ou no Vaticano? Em Jerusalém já teve!
    Não acredito que uma sociedade baseada em valores milenares deixaria suas crianças morrerem à mingua.Ou os seus idosos.
    Israel não é um acidente geográfico: é o cerne de três grandes religiões!

    1. Uma parada gay no Vaticano? Que comentário sem sentido. O Vaticano não é uma cidade propriamente dita. A comparação mais justa seria com Roma.

  6. A populacao em Israel admira tudo que dito americano, nem falar das quantidades de israelenses que “descem” ao EUA. Ja meio caminho feito.

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