Mickey Mouse jihadista

Diogo Bercito

“É, minhas caras crianças. Perdemos nosso querido amigo Farfour. Ele foi martirizado enquanto defendia sua terra, a terra de seu pai e de seus antepassados.”

O texto, lido por uma criança, é exibido no último capítulo de “Pioneiros do Amanhã” –um programa infantil transmitido pelo canal “Al Aqsa” a partir de 2007 na faixa de Gaza, território palestino sob o controle do grupo extremista Hamas.

Farfour era a estrela do show. Uma versão de Mickey Mouse, em fantasia genérica. Um rato preto, de voz fina, dançando pelo palco enquanto finge lançar granadas e disparar com uma metralhadora. Farfour significa “borboleta”, em árabe coloquial.

O fofo rato gigante ensina crianças a realizar suas preces diárias e beber leite, como informa aqui o blog das Forças de Defesa de Israel, que escreveram recentemente sobre o programa. Mas Farfour também lembra os pequenos espectadores de que é importante resistir contra a ocupação do território palestino.

“As pessoas resistem com firmeza, cantando isso para você. A resposta é uma AK-47. Nós não conhecemos o medo, somos os predadores da floresta”, diz o ratinho, enquanto finge lançar uma granada.

Após controvérsia, o canal retirou o programa do ar. Mas despediu-se em um episódio assustador –Farfour recebe de seu avô, no leito de morte, a missão de recuperar a terra perdida. Durante sua resistência, ele é interrogado e martirizado.

O programa continuou sem Farfour. Ele foi substituído pela abelhinha Nahoul –que morreu a caminho do hospital, presa na faixa de Gaza pelo bloqueio israelense. Seu substituto, o coelhinho Assoud, também morreu em Gaza, após um ataque israelense.

“Parece o Mickey Mouse. Ele fala como o Mickey Mouse. Mas você acha que Mickey Mouse iria ensinar crianças a lutar contra os EUA?”, pergunta um apresentador da FOX, em reportagem aqui sobre os “Pioneiros do Amanhã”.

“Nós vamos libertar al-Aqsa, in shah Allah”, diz o rato. Al-Aqsa é a mesquita próxima ao Domo da Rocha, em Jerusalém (“al-Aqsa” significa “a mais distante”, em árabe). “Vamos libertar o Iraque, in shah Allah”, continua. “In shah Allah” significa “se Deus quiser”, em português. “Vamos libertar os países muçulmanos invadidos por assassinos.”

Diane Disney Miller, filha de Walt Disney, comentou à época para a imprensa que “estamos lidando aqui com pura maldade, e você não pode ignorar isso. Não é apenas sobre Mickey, é sobre doutrinar crianças assim. O mundo ama crianças, e isso vai contra o grão da humanidade”.

O diretor do programa, Fathi Hammad, respondeu –“estamos tentando colocar em nossas crianças memórias do interesse no fim do sítio contra nosso povo e o fim do apoio para a entidade usurpadora de nossa terra. O povo palestino vai continuar a lutar”.

PS – Alguns leitores comentam que esse assunto não é recente. Voltou a ser discutido, porém, no aniversário de seis anos do programa. O relato da IDF é de algumas semanas atrás.

Farfour, o ratinho jihadista

Comentários

  1. Vídeos desse rato já circulam há anos na internet. Eu só não sabia do “destino” dele, nem de seus sucessores. Isso é uma verdadeira aberração, um absurdo inaceitável. Doutrinar crianças desde cedo para o ódio e a violência é uma atrocidade imperdoável. Ao invés de educá-las para um futuro produtivo e incentivar a convivência, os responsáveis pelo programa as encaminham para o fanatismo, e expõem as crianças a imagens e idéias com as quais elas ainda não têm instrumentos para lidar – e o pior é que deve ser exatamente esse o propósito.

    Visões tendenciosas e ridiculamente maniqueístas e exageradas como esta, em ambos os lados do conflito, prejudicam ao invés de contribuir, e apenas alimentam a fogueira do ódio mútuo.

  2. Tudo bem falar de algo que bombou 5 anos atrás, mas tinham que colocar entre um dos detaques logo que entra na UOL? Uol sempre em cima da notícia!

    1. A notícia não é simplesmente véia.

      Falando dessa maneira, você passa a idéia de que se trata de um fato véio, e a coisa fica traduzida em passado, o que é uma grande mentira, já que essa abominação persiste hoje.

      Muito embora ninguém nunca abordou esse tema, na mídia de massa, vez que é politicamente incorreto.

  3. Não é justo fazer isso com crianças indefesas. É um sinal de covardia e de mesquinharia. Crianças devem aprender a conviver, a sonhar, a brincar. Não a se explodir.

  4. Coisa rara de se ver.

    Um blogueiro num veículo de massa, da mainstream media, como a Folha, tocar o dedo na ferida assim. Parabéns pela coragem, Diogo!

    E cuidado, a turma esquerdopata, inclusive desse iluminado periódico, não vai gostar nem um pouco disso.

    O tema consiste na educação pré-escolar por aquelas “paragens”, que hoje, mais do que nunca, está fortíssima, embora os jornalistas politicamente corretos fechem os olhos para o tema.

    A Shahada, ou martírio infantil, é a doutrinação para crianças, desde tenra idade, que as leva a cultivar um ódio tão grande, que passam a desejar se matar matando infiéis, mormente judeus.

    https://www.youtube.com/watch?v=ZL0C2QvqIlo

    https://www.youtube.com/watch?v=illF1vt5g1Q

    https://www.youtube.com/watch?v=Em-MnAYiEWk

    https://www.youtube.com/watch?v=gi-c6lbFGC4

    https://www.youtube.com/watch?v=OZTcYKwnehY

    https://www.youtube.com/watch?v=YIBNRVgq59Y

    É abominável. No mínimo.

  5. Diogo ilustrou bem a ideologia desse grupo infame, o Hamas, e o crime que comete, como sempre cometeu, contra suas crianças (como poderia ser essa uma notícia velha?). Mas, também sabe que lá nos grotões dos haredim ninguém ensina suas crianças a amar os árabes. É a fogueira do ódio mútuo sendo alimentada, como salientou beto_w, e eu acrescento, da forma mais criminosa que se poderia pensar. Uma pena!

  6. Infelizmente esta tatica de inculcar nas mentes infantis o ódio e a desumanizacao do outro faz parte da mitologias nacionais de ambos os povos e que nada colabora com a paz futura. Tanto alguns defensores do sionismo agem assim quanto alguns dos defensores do estado palestino como mostra o post.
    Para equilibrar a critica e vermos os dois lados dessa moeda podre, coisa que o reporter deveria ter feito, se quer criticar de forma justa, coloco o link abaixo:
    http://losotrosjudios.com/2013/04/06/os-palestinos-nos-livros-escolares-de-israel-como-se-faz-a-desumanizacao-de-um-povo/

    1. Fenício, meu caro… Por favor…

      Primeiro. Os palestinos doutrinam suas crianças no mais intenso ódio, na intimidade das armas e explosivos, bem como no desejo de se matar matando infiéis.

      Enquanto isso, segundo os esquerdopatas, os israelenses seriam palestinofóbicos porque matam os palestinos que querem matar os israelenses.

      Segundo. Essa esquerdopata mencionada no link é a versão feminina do outro doente mental conhecido por Michael Moore, e consegue ser ainda mais insuportável que aquele. Impossível assistir ao vídeo.

      Esquerdopatas…

  7. Bom dia a todos .
    o que falta para o nosso correspondente no oriente medio ,e conhecimento .e transparencia nos assuntos relacionados a palestina e o estado de israel e seus povos .direitos e deveres de seus habitantes.

    1. Boa tarde, Adib.

      E, na sua opinião, resumidamente, quais seriam esses ireitos e deveres desse povos?

        1. Adib.
          Eu também gostaria imensamente que todos ali ficassem felizes.

          Mas isso é utopia.

          A realidade é que o estado de Israel existe, e isso incomoda imensamente o mundo muçulmano. Pelo menos é o que parece.

          Parece que o Islam não aceita a existência de Israel. Com estado palestino ou sem estado palestino.

          Qual é sua opinião a respeito? Você vive na região?

          1. Bom dia censurado .
            na verdade meu amigo ,muçulmanos e judeus sempre tiveram boms relacionamentos ,eu conheço muito bem a regiâo ,vivi durante muitos anos com judeus ,o problema nâo e religioso historicamente judeus e muçulmanos tem a mesma origem ,hore o estado de israel tem boms relacionamentos com muitos paisses islamicos .se o estado de israel existe ,porque nâo estado palestino ,a unica saida para ter uma paz permanente entre arabes palestinos e israelenses e reconhecimento de um estado palestino soberano isso po parte de israel ,e reconecimento dos palestinos de estado de israel ,para que os dois povos possam viver em paz ,a questâo nâo e reliogiosa mas e politica .e com tal quem sabe que um dia teremos boms policos e patriotas para o bem estar de todos .
            Grande abraço .Adib .Historiador .

          2. Adib ,o problema nao e que os “Palestinos”
            terem direito a um Estado.O problema e
            o Hamas que foi eleito pela maioria destes
            “”Palestinos”” sao contra a existencia do
            Estado de Israel,e pior que isso,fazem constantemente,quase que diariamente
            atentados terroristas dentro de Israel,e
            se nao fosse o suficiente ainda pregam uma Guerra Santa (JIHAD) contra Israel
            e seus habitantes.Entao te pergunto:
            Como e possivel alcancar uma PAZ duradoura com gente que quer nos destruir e nao viver em PAZ?

  8. Nâo basta ter asas para ser livre,
    Nem um simbolo apenas para se ter a PAZ .
    PAZ
    NÂO deseja,pratique .

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