Linhas apagadas
A comunidade internacional tem olhado com atenção, durante os últimos dias, tentando enxergar em algum lugar –talvez no horizonte próximo– uma linha vermelha dividindo dois momentos históricos.
É a linha vermelha traçada em discurso por Barack Obama, presidente dos EUA, ao se referir às armas químicas na Síria —acionar esse arsenal significaria mudar as regras do jogo, vem afirmando a gestão americana, no que é interpretado como a possibilidade de uma nova ação militar no Oriente Médio.
Por isso todos estiveram atentos quando Israel afirmou, na semana passada, ter evidências do uso por parte do regime sírio de armas químicas contra rebeldes. Em seguida, os EUA afirmaram ter a mesma suspeita, mas ainda sob investigação. Nos lembramos da posição de Obama e olhamos para a tal “linha vermelha” conforme se tornava nítida, nos perguntando: ela foi cruzada?
É uma pergunta difícil. Em primeiro lugar, porque investigar se gás sarin foi usado na Síria é um trabalho complicado, a distância –Israel, por exemplo, chegou a essa conclusão a partir de fotografias de vítimas, mas sem análise de solo. A pergunta é difícil também porque admitir o uso e seguir adiante com qualquer tipo de intervenção terá um rol de consequências inesperadas –e possivelmente desagradáveis.
O contexto, aqui, é o Iraque, invadido pelos EUA em 2003 após suspeitas infundadas da existência de armas de destruição em massa, como as químicas. O contexto são as mortes no Afeganistão, são os fracassos na ideia do pensador americano Bernard Lewis de que seria possível pacificar a região a partir de uma ação militar.
É uma história francesa, também. Ontem, o irmão de um chefe da Al Qaeda alertou a França de que o país está “brincando com fogo” ao intervir no Mali. Haverá, diz, troco –em território europeu. A França está no Mali desde janeiro, lutando contra militantes islamitas, e agora retira suas forças de 4.500 homens.
Ayman al Zawahiri, que ocupa o lugar deixado vago por Osama bin Laden na organização terrorista, fez semelhante alerta no começo de abril dizendo que a França terá no Mali “o mesmo destino dos EUA no Iraque e no Afeganistão”.
Sendo assim, onde de fato a administração Obama vai colocar sua linha vermelha? Os detratores do imperialismo vão perguntar-se também: quem outorga o direito de traçar linhas em mapas?
Chemi Shalev, em seu blog, diz ao leitor que esteja feliz em não ser o presidente americano, por assim não ter de tomar essa decisão. Afinal, quem vai prever as consequências de qualquer tipo de ação em território sírio?
Um ataque americano nas instalações de armas química sírias aumentar ou diminuir o perigo de que [o ditador sírio Bashar] Assad fará maior uso dessas armas? Certo, algumas pessoas estão dizendo que a demonstração de força pode deter Assad –mas pode também endurecê-lo. Ele pode chegar à conclusão de que na sequência de tal ataque […] ele precisa tomar vantagem da arma de “mudança de jogo” antes de que os EUA e o resto do mundo as tomem dele
Por outro lado, Salman Sheikh diz, na “Foreign Policy”, que a linha de Obama não é vermelha, mas verde, e que está servindo de incentivo para que Assad escale a violência contra a insurgência.
O foco exclusivo em soluções políticas e diplomáticas, assim como o temor internacional a respeito de jihadistas islâmicos, reforçou a crença do regime de que ‘os EUA e seus aliados ocidentais não se importaram com as atuais ações militares’
São muitas linhas, rabiscadas por todos os lados. Outra delas é aquela traçada por Binyamin Netanyahu, premiê israelense, diante da ONU, marcando o limite a partir do qual o Irã terá cruzado o limite em seu programa nuclear. O Ocidente teme que esse país persa esteja buscando um arsenal nuclear, e Israel e EUA deixaram claro que, antes de essa linha vermelha ser cruzada, irão intervir. Todas as opções estão na mesa, dizem.
Por aqui, ficamos de olho nesses traços.
Vejo no texto do Diogo a prepotência de dois países que se colocam acima do bem e do mal mostrando pro mundo quem manda no pedaço e dizendo o que podem e o que não podem fazer e nos aguentem se puder.
Irã,,Hezbulla e Iraque de um lado. Do outro lado, Arabia Saudita, Qatar, Turquia, e Al Quaeda e afins.
Estes são os atores do conflito sírio ,que já dura dois anos e já matou entre 70.000 e 80.000 pessoas, ninguém sabe ao certo. Além de mais de 1.000.000 de refugiados.
Que países prepotentes estão implicados neste conflito, além dos citados acima, e qual o grau de comprometimento dos mesmos, ( se é que existem ? ), nesta carnificina em que existem degoladores de pescoços dos dois lados.
Percebo uma carência muito grande da boa informação pra opinião pública no Ocidente referente a esse assunto(salvo exceções de mídias e jornalistas independentes) pq muitas mas muitas coisas aconteceram nesses dois anos no chão do conflito e naturalmente não divulgados pra essas bandas, que mostram bem as razões pelas quais o governo sírio detém, falando de forma bem simplista, amplo apoio político(inclusive oposição interna),militar e da sociedade civil síria em geral que tem sido a causa principal de sua resistência não por todos gostarem do Bashar que é simplesmente uma peça de uma engrenagem de um sistema mais amplo de comando e não por não quererem mudanças mas sim porque existe um ponto em comum entre eles que é a consciência da existência de uma agenda externa que é a de dilapidar a sua soberania,seu exército e consequentemente a sua resistência à política sionista que quer pq quer colocar no comando da Síria um “puppet” alinhado com os interessses dos “donos do mundo”:Israel e USA, sendo que Israel hoje vendo que a bagaça não está saindo como queria já declara abertamente a possibilida de um conflito direto com a Síria.Não tiro essas conclusões com alegria pois gostaria que fossem diferentes mas fatos são fatos. É óbvio que os sionistas incondicionais vão demonizar seus inimigos e isto é compreensível,afinal estão no papel deles.
O desconhecimento destes fatos e de muitos outros fazem com que muitos leigos hoje se perguntem como pode um governo demonizado como esse e com a queda eminente anunciada há dois anos ainda estar de pé?