Prisão semântica
Uma das questões do dia, aqui em Jerusalém, é a situação dos prisioneiros palestinos detidos por Israel –mais de 4.500, muitos deles enfrentando a prisão perpétua.
É um assunto importantíssimo para a região, e vai ocupar um lugar visível na mesa das negociações entre Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, e Binyamin Netanyahu, premiê de Israel –caso eles se sentem para negociar, é claro.
Com a vinda de John Kerry, secretário de Estado dos EUA, para a região no sábado, o assunto deve estar presente na mídia israelense diariamente. Em 17 de abril, palestinos irão manifestar-se no dia anual dos prisioneiros, na Cisjordânia.
Isso tudo como plano de fundo. Para além do problema já em pauta, ontem morreu em uma prisão israelense o palestino Maysara Abu Hamdiyeh, que tinha tido um câncer diagnosticado no esôfago.
Amanhã, haverá um enterro público em Hebron. Devo estar por lá. Não vai ser um dia fácil.
Mas tudo isso estará nos jornais, nas próximas semanas. O que me traz aqui, hoje, é mais uma vez a etimologia. Não pela ciência em si, mas pela carga política de sua prática.
E vejam só –os palestinos não se referem aos homens nas prisões israelenses como “sajin” (prisioneiro), mas como “asir” (cativo).
Na linguística, as palavras são definidas em relação umas às outras. Ou seja, duas delas nunca significam a mesma coisa. É nosso caso, entre prisioneiros e cativos.
Estive mais cedo com Ronni Shaked, ex-Shin Bet (agência de segurança), em um evento para jornalistas. Ele falava especificamente dos prisioneiros, e foi ele quem me chamou a atenção para a palavra “asir”.
A questão, para ele, é de narrativa também. Há duas, diz. “Para os palestinos, esses não são prisioneiros regulares. São prisioneiros políticos. Para os israelenses, são terroristas.”
Agora, a ver como a divergência entre as histórias vai ser, se puder ser, contornada. O processo de paz é, de certa maneira, a unificação das narrativas em uma só. “Uma história para dois povos”, ele diz.
Mas qual história?
Nao existe e nem existiu em Israel prisao
para politicos,a nao ser que estes participaram de algum ato terrorista.
Se estao presos algo fizeram de ruim,
nao e atoa que estao cumprindo pena.
Muitos destes vao pagar com a vida toda
na prisao,pois em Israel nao ha pena de morte.
Nem aqui nem em lugar algum pode ser considerado preso político um asssassino pervertido que em 2011 cruelmente trucidou Udi, sua esposa Ruth e seus tres filhos, Yoav de 11 anos, Elad com 4 anos e o Hadas, um bebezinho de apenas 3 meses. É criminoso comum o banddido que morreu ontem e que em 2002 contratou o suicida q se explodiu mattando onze civis, feriu outros cinquenta e quatro no Café Moment em Jerusalém. Podem retorcer a semantica à vontade, mas o sangue continua o mesmo.
Diogo.
Antes de mais nada, faço questão de esclarecer que você nunca me censurou, e considero seu trabalho bastante imparcial e profissional.
Mas não posso dizer o mesmo de outros colegas seus, seja aqui na folha, seja no estadão. Rs.
Esse pessoalzinho não admite comentários que não correspondam a seus interesses.
Um deles inclusive não permitia a inclusão de links para vídeos. Ora, existe alguma prova, algum argumento mais honesto do que um vídeo?
Trata-se de fonte primária, e não de interpretação, ou manipulação. Trata-se de permitir que o leitor possa formar sua convicção baseado em fatos, na realidade, e não na ótica, muitas vezes viciada, do blogueiro.
Enfim, parabéns pelo bom trabalho.
Aproveitando o embalo.
Não precisa nem publicar. É apenas uma sugestão para um post.
A questão da Colina do Templo.
Para muitos, de ambos os lados, essa seria o verdadeiro motivo da disputa Israel x Islam, e não o problema da Palestina. A mesquita de Al Aqsa erigida sobre o local onde estaria o Templo de Salomão.
Detenções políticas, e “administrativas”, não só são realidades, mas como configura como parte do modus operandi do governo israelense para infligimento de punição coletiva, e intimidação. Essas detenções, em qualquer outra situação, não teriam valor legal já que são violados tratados e convenções. São ilegais do ponto de vista territorial (Artigo 43, Acordo Internacional de Haia 1907), já que são feitas em território palestino, e são ilegais do ponto de vista processual, já que são efetuadas sem qualquer acusação formal, indefinidamente, e os presos deportados para terriotório israelense (Quarta Convenção de Genebra, artigos 49 e 76) e não são raros os casos onde inclusive crianças são detidas para cadastro, interrogatório, ameaçadas, ou em pré-detenção (Convenção dos Direitos da Criança, ONU)
É notável também, o fato de defensores das crescentes (e agora mais visíveis) agressões, de um estado que se apoia no “etno”-supremacismo declarado, pouco ou nada saberem do contexto em que os próprios se propõem a censurar. Realmente a tal da semântica tem sido uma arma, mas da Hasbara e não o contrário. O fato do correspondente não saber (ou não informar seus leitores) de tal contexto é também lamentável.
No fim, esse filme é muito parecido com o do período do apartheid sul-africano.
O mentor que concebe e o homem bomba que executa há quem considere como um ato de resistência. Outros um ato político. E muitos um ato de fé de um mártir.
A lei internacional os qualifica como assassinos de civis inocentes.
O palestino que morreu de câncer em uma prisão israelense não deve ter se arrependido pelas onze mortes e cinquenta e quatro feridos no Café Moment. Se fosse no posterior Restaurante Restobar também não faria diferença.
Não é de comida kosher, ou não, de que eles se alimentam.
O ataque suicida é tão terrorista quanto os ataques diários dos colonos ilegais às populações palestinas. Concordo nesse ponto.
O prisioneiro foi julgado e condenado por um tribunal. Seu crime era conhecido. Se ele estava condenado à prisão perpétua, isso significa que ele morreria mesmo na prisão, de câncer ou outra doença. Qual a novidade? O tumulto e as outras mortes são resultado das manipulações da população palestina para manter a chama do ódio contra os judeus.
Acho que a questão dos presos não será discutida em nenhuma mesa de negociações porque não há como negociar nada com esse tipo de interlocutor e isso está cada vez mais claro.
A lei não pode ser rabiscada a cada caso particular de prisioneiro julgado e condenado por crime de terrorismo.