Flotilha da retórica
Antes de subir no avião que o levou à Jordânia, na sexta-feira, Barack Obama, presidente dos EUA, promoveu um telefonema entre Binyamin Netanyahu, premiê israelense, e Tayyip Erdogan, sua contraparte turca.
Ao telefone, Netanyahu pediu desculpas a Erdogan pelo incidente da flotilha da paz que, ao tentar romper o bloqueio israelense a Gaza, em 2010, foi alvo de uma ação militar –resultando na morte de nove ativistas turcos. Ele prometeu compensação financeira às famílias. As relações diplomáticas entre os dois países devem ser retomadas.
Mas essas ações do governo Netanyahu são um “mecanismo de relações públicas”, para o professor Moustafa Bayoumi, organizador da coletânea de ensaios “The Attack on the Gaza Freedom Flotilla” (o ataque à flotilha da liberdade de Gaza). “As desculpas de Netanyahu são claramente sobre geopolítica, e não sobre moralidade”, ele me disse recentemente, durante a entrevista que publico aqui exclusivamente.
“Na faixa de Gaza, o cerco continua. A restauração das relações entre Israel e Turquia não faz nada para mudar esse triste fato”, diz. O território de Gaza, hoje controlado pela facção palestina Hamas, é alvo de uma série de restrições impostas pelo governo israelense, como as barreiras para a entrada e saída de mercadorias.
Bayoumi afirma que o ataque israelense à flotilha, em 2010, foi um ponto de inflexão para o conflito com os palestinos, “marcando uma mudança no ponto de vista internacional do conflito”. “A boa-vontade dos ativistas internacionais foi recebida pela violência, e boa parte do mundo considerou isso excessivo, e as desculpas israelenses, inacreditáveis.”
Também há mudança a partir do momento em que, descrentes com a interferência sistema internacional, indivíduos se arriscam para o que acreditam ser a resolução justa para esse conflito. “Isso é muito importante, e assusta Israel, que agora impõe diversas restrições à visita de ativistas à Cisjordânia e a Gaza”, diz Bayoumi.
“A ideia de que a desobediência civil possa ser o tipo principal de oposição à ocupação assusta Israel pois expõe a violência do Estado.” A mesma visão pragmática pode ser creditada à liderança turca, para esse professor nascido na Suíça.
“Reatar relações diplomáticas com Israel enquanto o cerco a Gaza continua revela que a política externa turca pode falar a língua da moralidade, mas opera de acordo com seu próprio interesse.”
vale dizer que a tal flotilha da “liberdade” recebeu vários avisos para não avançar…
Dizer também que os soldados que desceram ao seu convés foram atacados selvagemente….
Por outro lado o Hamas é uma organização terrorista que luta pelo fim de Israel, e, se Israel, controla com mão de ferro a fronteira com Gaza, é para deter ataques terroristas.
E vem esse professor falar de moralidade?
De que moralidade ele fala?
Da moralidade do hamas que lança foguetes sobre Israel? Ou da moralidade dos terroristas que explodem ônibus israelenses?
Vergonhoso e altamente tendencioso o comentário do tal professor.