Judeus e palestinos fazem beijaço contra proibição de livro em Israel
Em 31 de dezembro, as autoridades israelenses proibiram a adoção do livro “Uma Barreira Viva” na grade curricular do ensino médio. A obra, escrita por Dorit Rabinyan, retrata o amor entre uma mulher judia e um homem palestino. O governo de Binyamin Netanyahu considerou o texto inadequado aos jovens.
A medida foi recebida com desagrado, dentro e fora de Israel. Não é, ademais, a primeira representação de uma relação amorosa entre judeus e palestinos. Eytan Fox filmou o amor entre dois homens, um judeu e o outro palestino, em 2002 (conversei sobre isso com ele em Tel Aviv, anos depois). Eran Riklis contou em 2014 uma história semelhante, mas heterossexual, em “Dancing Arabs” (também entrevistei esse diretor para a Folha).
São narrativas que correspondem a relações reais, que existem apesar do tabu. Daí os aplausos recebidos pela campanha lançada ontem com a imagem de judeus e palestinos –gays e héteros– se beijando. Como nota uma reportagem do jornal americano “Washington Post”, é irônico que, no fim das contas, é difícil saber quais deles são judeus e quais são palestinos. Afinal, tampouco importa.