Orientalíssimo https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br por Diogo Bercito Tue, 30 Nov 2021 20:49:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Evento debate a literatura escrita por migrantes árabes no Brasil https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/04/23/evento-debate-a-literatura-escrita-por-migrantes-arabes-no-brasil/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/04/23/evento-debate-a-literatura-escrita-por-migrantes-arabes-no-brasil/#respond Fri, 23 Apr 2021 16:15:00 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/Shafiq-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6110 Entre os mais de 150 mil árabes que migraram para o Brasil a partir de 1870, vieram jornalistas e escritores. Radicados em cidades como São Paulo e o Rio, eles escreveram em sua língua nativa — gerando uma produção cultural que poucas vezes é celebrada. O Brasil era inclusive, nas primeiras décadas do século 20, um dos centros intelectuais do mundo árabe. Entre 1880 e 1929, havia 95 jornais e revistas em árabe no Brasil. Em comparação, havia 82 publicações na Palestina durante o mesmo período. Até 1944, essa comunidade já havia publicado ao menos 156 livros em língua árabe, somando ao menos 200 mil cópias.

Essa história vai ser celebrada nesta sexta-feira (23) às 17h em um evento organizado pela Editora Tabla. O bate-papo vai contar com diversos especialistas. Por exemplo, a historiadora Heloisa Abreu Dib, que coordena um projeto de digitalização de documentos da comunidade sírio-libanesa no Brasil. Participará também Alberto Sismondini, da Universidade de Coimbra, que estuda a literatura brasileira de origem árabe. Estarão na mesa, também, a pesquisadora e jornalista Christina Queiroz e o professor da USP Michel Sleiman.

Gratuito, o evento será transmitido pelo YouTube e pelo Facebook da editora e poderá ser visto depois. Fundada em 2020, a Tabla tem como um de seus enfoques a tradução da literatura árabe para o português.

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Evento virtual celebra o 25 de março, dia da comunidade árabe https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/03/25/evento-virtual-celebra-o-25-de-marco-dia-da-comunidade-arabe/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/03/25/evento-virtual-celebra-o-25-de-marco-dia-da-comunidade-arabe/#respond Thu, 25 Mar 2021 14:15:21 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/25Marco2-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6078 A Câmara de Comércio Árabe – Brasileira comemora nesta quinta-feira (25) o dia nacional da comunidade árabe com um evento virtual. A celebração começa às 19h na plataforma digital Zoom. Especialistas vão conversar sobre a história dos árabes no Brasil. A Câmara deve apresentar, também, os resultados do censo realizado no ano passado, que sugeriu a presença de 12 milhões de pessoas com ascendência árabe no Brasil. Gratuita, a inscrição pode ser feita por este link.

Como parte das celebrações deste dia, a Câmara vai exibir também uma série de depoimentos gravados por descendentes de árabes e outras pessoas ligadas à comunidade. Há um vídeo do ex-presidente Michel Temer, filho de migrantes do vilarejo de Btaaboura, por exemplo. O autor deste Orientalíssimo blog também gravou um depoimento sobre sua experiência com os árabes no Brasil. Alguns dos vídeos estarão disponíveis nas redes sociais da Câmara de Comércio.

Vindos principalmente do que são hoje os Estados da Síria e do Líbano, árabes começaram a migrar para o Brasil por volta do ano 1870. Eles deixaram o Império Otomano devido a uma série de fatores, entre eles o colapso da economia da seda e uma praga que devastou plantações de uva. Segundo as estimativas de historiadores, cerca de 150 mil deles chegaram ao Brasil. Fundaram jornais, associações beneficentes, clubes e hospitais. Diversos de seus descendentes — como Paulo Maluf, Fernando Haddad e Guilherme Boulos — foram parar na política.

O dia 25 de março foi oficializado em 2008 como a data dessa comunidade no Brasil. O motivo é óbvio: foi justamente  na rua 25 de Março, no centro de São Paulo, que os sírios e libaneses se concentraram nas primeiras décadas de sua migração. Apesar de o perfil da região ter se alterado com a mudança de algumas famílias para outros bairros e a chegada de migrantes asiáticos, a 25 de Março segue sendo um dos ícones da presença sírio-libanesa no Brasil.

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Rede social Clubhouse serve de válvula de escape no Oriente Médio https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/03/11/rede-social-clubhouse-serve-de-valvula-de-escape-no-oriente-medio/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/03/11/rede-social-clubhouse-serve-de-valvula-de-escape-no-oriente-medio/#respond Thu, 11 Mar 2021 15:48:25 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/Clubhouse2-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6044 Na manhã desta quinta-feira (11), usuários da rede social Clubhouse conversavam em árabe sobre o que bem entendiam. Em uma sala bastante popular, por exemplo, médicos respondiam a perguntas sobre a vacina contra a Covid-19. Em outra, cinéfilos fofocavam sobre os bastidores da telona. Também havia um grupo de pessoas analisando os sonhos umas das outras. E uma sala com o título “o que você vai fazer neste final de semana”, para jogar conversa fora mesmo. Esses são exemplos pontuais da explosão de diálogo acontecendo — por enquanto no subterrâneo — nessa recém-nascida rede social.

O Clubhouse é um aplicativo de conversas em áudio, em geral entre desconhecidos. Você seleciona uma sala, entra e começa a ouvir, quiçá também falar, sobre o assunto que escolher. Pode parecer trivial, em sociedades com liberdade de expressão e poucos tabus. Em partes do Oriente Médio, no entanto, essa rede social tem servido de válvula de escape. Na conservadora e repressiva Arábia Saudita, o Clubhouse chegou ao topo da lista de aplicativos sociais da loja da Apple. No Egito, há salas com mais de 2.000 participantes. Na Turquia, onde se fala turco, ativistas usaram essa rede em como ferramenta de protesto.

Segundo uma reportagem recente do Washington Post, a diáspora síria — espalhada pelo mundo devido à guerra civil que assola o país desde 2011 — tem usado o Clubhouse para reviver suas tradicionais conversas matutinas. Nessa rede social, eles contam piadas, pedem dicas de onde comprar comida levantina nos seus novos países e falam também sobre como o regime sírio devastou partes do país nestes últimos anos.

Um dos grandes poréns do Clubhouse, por ora, é o fato de que o aplicativo só funciona no sistema iOS, excluindo quem não tem dinheiro para comprar um iPhone — em partes do Oriente Médio, a imensa maioria da população. Como lembra o Post, a acessibilidade é afetada também pelos cortes diários de eletricidade e internet.

Há um problema ainda maior, no entanto. A conversa sem filtro, por vezes de tom político, parece já incomodar os governos autoritários da região. Usuários reclamam do funcionamento do aplicativo nos Emirados Árabes, por exemplo. A imprensa egípcia já acusa o Clubhouse de apoio a células terroristas, típica acusação feita a quem discorda do regime. Um artigo no site Middle East Eye insiste em que a pergunta não é “se” as ditaduras vão começar a monitorar essas conversas, mas “quando”. Esses governos se lembram, afinal, do papel que redes como o Facebook e o Twitter tiveram em mobilizar os protestos de 2011, que derrubaram regimes autoritários na região.

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Câmara de comércio faz live sobre a influência árabe na MPB https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/11/24/camara-de-comercio-faz-live-sobre-a-influencia-arabe-na-mpb/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/11/24/camara-de-comercio-faz-live-sobre-a-influencia-arabe-na-mpb/#respond Tue, 24 Nov 2020 17:53:55 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/Jandira-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5882 A Câmara de Comércio Árabe Brasileira realiza nesta quinta-feira (26) uma live sobre a influência árabe na música brasileira. Segundo a Agência de Notícias Brasil-Árabe, o evento contará com a participação do músico Valtinho Cayuella, que interpretará canções da MPB como “O Bêbado e o Equilibrista” e marchinhas de Carnaval como “Alalaô”.

O evento ocorre em parceria com a embaixada do Brasil no Líbano e o Centro Cultural Brasil-Líbano. A live será transmitida em inglês às 14h do horário de Brasília pela página do Centro Cultural Brasil-Líbano.

A apresentação será de Silvia Antibas, diretora cultural da Câmara Árabe e pesquisadora da migração sírio-libanesa para o Brasil. Como este Orientalíssimo blog noticiou em maio deste ano, Antibas recebeu o Prêmio Unesco Sharjah de Cultura Árabe. Ela falará, segundo a agência de notícias, sobre a chegada de canções e orações em árabe com os povos da península Ibérica e os escravos muçulmanos que foram trazidos à força da África. Antibas também explicará qual foi a contribuição dos migrantes sírios e libaneses que deixaram o Império Otomano a partir do final do século 19 e rumaram para o Brasil.

Diversos dos migrantes sírios e libaneses e seus descendentes, aliás, participaram diretamente da produção musical no Brasil. Um dos pioneiros foi Nagib Hankach, que migrou da cidade libanesa de Zahle em 1922 e viveu no Brasil por décadas antes de retornar a sua terra natal. Quando voltou ao Líbano, foi um dos responsáveis pela eclosão do que foi chamado de Era de Ouro da canção libanesa. Na diáspora, Hankach cantava, por exemplo, em clubes sociais árabes. É famosa, em especial, sua canção satírica Kossat Machaal El Kache, sobre um mascate em busca de uma mulher. Entre os descendentes, há nomes como o de Fagner e de Ricardo Feghali, da banda Roupa Nova — de que fez parte sua irmã, a deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ). Ricardo e Jandira são sobrinhos de Sabah, uma das divas da música libanesa.

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Eleição de Biden é recebida com cautela e humor no Oriente Médio https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/11/09/eleicao-de-biden-e-recebida-com-cautela-e-humor-no-oriente-medio/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/11/09/eleicao-de-biden-e-recebida-com-cautela-e-humor-no-oriente-medio/#respond Mon, 09 Nov 2020 15:13:37 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/PHOTO-2020-11-09-10-08-50-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5862 Enquanto os Estados Unidos contavam os votos de sua eleição, circulava nas redes do Oriente Médio uma série de variações de um mesmo meme. Imagens de homens entediados vinham acompanhadas de uma legenda mais ou menos nesta linha: “árabes esperam para saber quem vai vencer e ser o próximo a invadir o Oriente Médio”.

Também se espalharam inúmeras imagens com o termo árabe “inshallah”, dito pelo democrata Joe Biden durante um debate com o republicano Donald Trump. Em árabe, “inshallah” significa “se Deus quiser”. É de onde vem o termo em português “oxalá”. Com isso, usuários das redes sociais fizeram a troça de que Biden venceu as eleições de terça-feira (3) porque falou a palavra quase mágica.

Esses dois memes simbolizam, de certa maneira, a mistura de cautela e humor entre quem acompanhou o pleito americano no Oriente Médio. Cautela porque, afinal, ninguém espera que o presidente eleito Biden vá mudar a região de maneira radical. Ele deve manter a embaixada americana em Jerusalém, por exemplo, e continuar a reconhecer a presença israelense nas colinas do Golã – duas medidas de Trump que causaram revolta. No máximo, a eleição de Biden serviu de incentivo aos movimentos que pedem a saída do premiê israelense Binyamin Netanyahu. O tuíte abaixo diz: “Agora que ele se foi, é a sua vez”.

Já o humor com que as pessoas receberam a eleição de Biden vem do fato de que poucos entre as populações na região consideravam Trump um aliado. Árabes e iranianos vivendo nos Estados Unidos e seus descendentes, muito menos. Trump foi o responsável por um veto à entrada de cidadãos de diversos países de maioria muçulmana, por exemplo, afetando quem vinha de lugares como a Síria, o Iêmen e o Irã. Biden prometeu que vai reverter essa medida no seu primeiro dia de governo. Trump insistia nos debates em que tal decisão iria permitir que terroristas entrassem no país “para explodir nossas cidades”.

Além de reverter o veto à entrada de muçulmanos, Biden deve se afastar de Trump em outras políticas em relação ao Oriente Médio. Como este Orientalíssimo blog mostrou antes das eleições, a expectativa é de que o presidente eleito se afaste de regimes autoritários como o da Arábia Saudita e o do Egito. Ele também deve tomar uma posição mais dura em relação ao governo turco — analistas disseram à Al Jazeera, por exemplo, que Trump era o único aliado que restava à Turquia em Washington, a capital americana.

Ainda é cedo, é claro, para saber se o resultado da eleição de Biden será positivo, negativo ou mesmo neutro para o Oriente Médio. O que sabemos é que, no ínterim, as populações da região seguem atentas ao que acontece nos Estados Unidos. A charge no tuíte abaixo resume essa situação, ao mostrar passageiros de um táxi no Irã discutindo quais estados americanos iriam determinar o resultado deste pleito.

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New York Times questiona trabalho de sua repórter sobre terrorismo https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/10/12/jornal-questiona-cobertura-de-sua-propria-reporter-sobre-terrorismo/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/10/12/jornal-questiona-cobertura-de-sua-propria-reporter-sobre-terrorismo/#respond Mon, 12 Oct 2020 14:47:25 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/EI-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5808 A repórter Rukmini Callimachi, do New York Times, se firmou nos últimos anos como uma das grandes especialistas da imprensa em terrorismo. Foi  indicada ao consagrado prêmio Pulitzer por suas investigações sobre as organizações radicais al-Qaida e Estado Islâmico. Virou uma das estrelas daquele jornal americano. Foi tida como um novo modelo de repórter, conectado às redes sociais e capaz de produzir um variado material audiovisual em diversas plataformas.

Até que, no fim de setembro, a polícia canadense acusou um homem conhecido como Abu Huzayfah de ter mentido sobre ter feito parte do Estado Islâmico. Huzayfah é um dos personagens principais do podcast Caliphate, do New York Times, e Callimachi baseou parte de sua premiada narrativa na história dele — que, ao que parece, era falsa. Caíram por terra, assim, algumas das detalhadas descrições de Callimachi sobre como funcionava aquele auto-proclamado califado.

A notícia não ruiu apenas o podcast da repórter. Com as informações divulgadas desde então, ficou evidente que Callimachi, assim como seus chefes, estavam cientes da fragilidade do depoimento de Huzayfah. Ainda assim, decidiram lançar o projeto em abril de 2018, pelo qual colheram loas. Colegas e ex-colegas foram a público, ademais, para questionar o trabalho de Callimachi. O New York Times decidiu investigar algumas das reportagens da jornalista. No domingo (11), o próprio jornal publicou um artigo sobre os problemas no trabalho.

“Ela era tida como  uma estrela — uma posição que a ajudou a sobreviver uma série de questionamentos feitos nos últimos seis anos por colegas no Oriente Médio”, segundo o texto do New York Times. Ela foi criticada por um de seus tradutores, por exemplo. Foi acusada, também, por ter coletado milhares de documentos no Iraque e levado embora. Foi dito que sua abordagem em relação ao terrorismo resvalava no sensacionalismo. E veio à tona um episódio do ano passado, em que especialistas em terrorismo provaram que os documentos usados por Callimachi em outra matéria eram falsos. Veja abaixo, em inglês, alguns dos tuítes desmentindo a apuração dela.

Além do New York Times, outros grandes veículos americanos têm acompanhado a crise em torno do trabalho de Callimachi. O Washington Post, por exemplo, publicou também um longo artigo destrinchando as inconsistências na apuração dela. Mas a questão não é apenas sobre prática jornalística. O trabalho de um repórter como Callimachi tem consequências na elaboração de políticas. Como lembra o New York Times, a apuração dela foi citada por autoridades americanas avessas à migração de muçulmanos aos Estados Unidos. Os textos de Callimachi também influenciaram o debate no Canadá sobre o que fazer com as mulheres de membros do Estado Islâmico.

Para este Orientalíssimo blog, a questão toca em outro ponto importante sobre a cobertura feita pela imprensa em lugares como a Síria e o Iraque. Por vezes, jornalistas não seguem o mesmo rigor que é esperado, por exemplo, de quem escreve sobre os Estados Unidos ou a Europa. Proliferam, ademais, jornalistas que — como Callimachi — não falam árabe e, portanto, dependem de tradutores para conversar com seus interlocutores. Não é raro encontrar em campo jornalistas que pouco ou nada estudaram sobre o Oriente Médio, mas acabam determinando o tom do debate público. Testemunhei isso inúmeras vezes, como correspondente da Folha em Jerusalém em 2013 e 2014.

Ainda há, por outro lado, bastantes entusiastas do trabalho de Callimachi. Ela própria tem compartilhado em seu perfil na rede social Twitter diversas mensagens de apoio e elogios à cobertura. Em uma das mensagens que Callimachi retuitou, Margaret Sullivan — do Washington Post — sugere que parte das críticas à repórter é resultado de ressentimento de seus colegas, inveja por seu sucesso e machismo.

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Pesquisadoras brasileiras dão aulas virtuais sobre o Oriente Médio https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/07/pesquisadoras-brasileiras-dao-aulas-virtuais-sobre-o-oriente-medio/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/07/pesquisadoras-brasileiras-dao-aulas-virtuais-sobre-o-oriente-medio/#respond Tue, 07 Jul 2020 14:30:58 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/017L12100_6CWYP.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5534 As pesquisadoras Monique Sochaczewski e Muna Omran oferecem uma série de cursos online sobre o Oriente Médio em julho e agosto. As aulas são realizadas na plataforma Zoom, com três ou quatro encontros. O destaque, na avaliação deste Orientalíssimo blog, são os cursos sobre curdos e armênios —  temas ainda menos estudados.

Para mais informações sobre inscrições e preços, o email de contato de Sochaczewski é cursosorientemedio@gmail.com. Já email de Omran é trabulsie@gmail.com. Vejam abaixo a lista dos cursos disponíveis:

Escritores do Oriente Médio (Sochaczewski e Omran)
As pesquisadoras falam sobre o escritor turco Orhan Pamuk, o libanês Amin Maalouf, o israelense Amoz Oz e o palestino Edward Said.
Terças e quintas-feiras: 14, 16, 21 e 23 de julho das 19h às 20h30.

Israel e Palestina (Sochaczewski)
O curso aborda temas como sionismo, o estabelecimento de Israel, nacionalismo palestino, a guerra de 1948 e o conflito israelo-palestino.
Segundas e quartas-feiras: 20, 22, 27 e 29 de julho das 19h às 20h30.

Síria: História, Cultura e Reflexões na Literatura (Omran)
Omran apresenta a história da Síria a partir de suas lutas pela independência e a chegada da família Assad ao poder nos anos 70.
Segundas-feiras: 3, 10, 17 e 21 de julho às 17h30.

Sobre os Curdos (Sochaczewski)
O curso ministrado por Sochaczewski tem enfoque na história dos curdos, sua presença na Turquia e a participação de mulheres curdas.
Sábados: 18 e 25 de julho e 1 de agosto das 10h às 11h30.

Os Armênios (Sochaczewski e Heitor Loureiro)
Em parceria com o historiador Heitor Loureiro, Sochaczewski fala sobre a história dos armênios, seu genocídio e sua diáspora.
Quartas-feiras: 5, 12, 19, e 26 de agosto das 19h às 20h30.

Terrorismo Através da História (Sochaczewski)
Neste curso, Sochaczewski aborda a história do terrorismo, da onda anticolonial, da nova esquerda e de sua intersecção com a religião.
Quartas-feiras: 5, 12, 19 e 26 de agosto das 15h às 16h30.

Arábia Saudita e Irã (Sochaczewski e Najad Khouri)
Sochaczewski e Najad Khouri falam sobre a história desses dois países médio-orientais, tocando em questões gerais sobre islã e política.
Quinta-feiras: 6, 13, 20 e 17 de agosto das 19h às 20h30.

Recortes Israelenses (Sochaczewski)
A historiadora fala sobre Israel a partir de quatro temas específicos: Tel Aviv, cultura, empreendedorismo e recursos hídricos.
Sábados: 8, 15, 22 e 29 de agosto das 10h às 11h30.

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Curitiba ainda tem uma estátua do ex-ditador sírio Hafez al-Assad https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/15/curitiba-ainda-tem-uma-estatua-do-ex-ditador-sirio-hafez-al-assad/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/15/curitiba-ainda-tem-uma-estatua-do-ex-ditador-sirio-hafez-al-assad/#respond Mon, 15 Jun 2020 13:56:01 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/Screen-Shot-2020-06-15-at-9.24.39-AM.png https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5462 No contexto de um movimento global de protestos, manifestantes têm derrubado estátuas de figuras históricas. Americanos desabaram líderes confederados de seus pedestais, por exemplo, enquanto ingleses jogaram um mercador de escravos em um rio e portugueses vandalizaram o jesuíta Antonio Vieira. O bandeirante Borba Gato, em São Paulo, teve de ser vigiado 24 horas por dia para não cair também. Essas ações abriram um debate sobre como lidar com a memória.

Uma estátua em Curitiba, no entanto, tem passado batida por essa onda de derrubadas: a do ex-ditador sírio Hafez al-Assad. Como lembrou Jean-Philip Struck na rede social Twitter na semana passada, o busto de Hafez segue incólume em uma pracinha da cidade. Disse:

Hafez al-Assad governou a Síria de 1970 a 2000. Foi ele quem cimentou o violento estado de polícia que sobrevive até hoje. Ele é responsável, também, pela chacina de 1982 em Hama — durante a qual a cidade foi devastada, e seus moradores, massacrados. A Síria, governada por seu filho Bashar, vive desde 2011 uma guerra civil.

O busto de Hafez al-Assad, no bairro Portão, foi posto em 2002 por um projeto do então vereador Paulo Salamuni, um descendente de árabes. Uma placa apresenta Hafez como “o grande construtor da Síria moderna”. Em 2012, houve protestos contra a estátua, por razão da violência sistemática do estado sírio contra a própria população.

O Brasil abriga uma das principais comunidades sírias do mundo. Foi para o Brasil que sírios e libaneses migraram em massa entre 1870 e 1930, fugindo do Império Otomano e do mandato francês. Entre outras coisas, eles trouxeram o quibe e a esfiha e levaram de volta para a terra natal o chá mate que aprenderam a beber na América Latina.

A estátua de Hafez não é, aliás, a única relação incômoda entre políticos sírios e o Brasil. Adib al-Shishakli, que foi presidente da Síria nos anos 1950, fugiu para Goiás depois de ser deposto. Em 1964, ele foi assassinado em Ceres por um migrante sírio em busca de vingança.

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Brasileira recebe prêmio da Unesco por divulgação da cultura árabe https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/05/26/brasileira-recebe-premio-da-unesco-por-divulgacao-da-cultura-arabe/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/05/26/brasileira-recebe-premio-da-unesco-por-divulgacao-da-cultura-arabe/#respond Tue, 26 May 2020 18:27:53 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/Screen-Shot-2020-05-26-at-2.18.34-PM.png https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5392 A historiadora e curadora brasileira Silvia Alice Antibas foi premiada na semana passada pela Unesco em reconhecimento do seu trabalho na divulgação da cultura árabe. O troféu, criado em 1998, é organizado pela agência da ONU em parceria com o emirado árabe de Sharjah. O artista palestino Suleiman Mansour  foi laureado ao lado da brasileira. O troféu vem acompanhado de US$ 30 mil (o equivalente a R$ 160 mil).

Antibas é diretora cultural da Câmara de Comércio Árabe Brasileira desde 2013. Seu pai era sírio, e sua mãe, descendente de libaneses. De acordo com o anúncio da Unesco: “Antibas pesquisou e preservou material de arquivo mapeando a influência da música árabe na música brasileira. Ela fez a curadoria de diversos eventos em todo o mundo promovendo a cultura árabe”. A agência da ONU descreveu a curadora como uma autoridade nos estudos da migração árabe para a América Latina, dizendo que “o júri internacional recomendou Antibas pela contribuição ao longo da sua vida para a promoção da cultura, identidade e memória árabe no Brasil e no resto da América Latina”.

Segundo uma nota da Agência de Notícias Brasil Árabe, é a segunda vez em que um brasileiro recebe o troféu. O primeiro foi o professor João Baptista de Medeiro Vargens, premiado em 2011 por seu trabalho sobre a presença de árabes no Brasil e em países lusófonos. À agência Antibas disse que o prêmio é um reconhecimento do trabalho de sua vida. “É uma homenagem aos meus pais, meus avós, que vieram de lá, passaram tudo que passaram e me deram a oportunidade”, disse.

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Dezenas de leituras sobre Oriente Médio para estudar na quarentena https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/04/23/dezenas-de-leituras-sobre-oriente-medio-para-estudar-na-quarentena/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/04/23/dezenas-de-leituras-sobre-oriente-medio-para-estudar-na-quarentena/#respond Thu, 23 Apr 2020 15:55:54 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/Bagda.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5316 Tem gente fazendo pão de centeio, plantando melão e descolorindo o cabelo durante esta longa quarentena. Tem também quem está aproveitando o isolamento social para aprender uma nova língua, um novo instrumento e uma nova posição de ioga. Se você quiser usar este tempo confinado em casa para estudar um pouco mais sobre o Oriente Médio, a revista virtual Jadaliyya recentemente publicou uma extensa lista de artigos acadêmicos. A lista do site infelizmente inclui apenas textos escritos em inglês — mas fiquem à vontade para me enviar um email caso queiram recomendações específicas em português.

A lista da Jadaliyya é temática, o que ajuda quem estiver em busca de pontos de vista diversos sobre um mesmo assunto. Por exemplo, há uma excelente bibliografia sobre protestos curada pelo sociólogo iraniano-americano Asef Bayat. O livro “Life As Politics” (vida como política), de Bayat, é aliás uma excelente opção para entender melhor como as pessoas podem se mobilizar em regimes autoritários. Bayat diz que pequenas ações, como mostrar um pouco do cabelo embaixo do véu no Irã, podem levar a mudanças mais amplas na sociedade.

Ainda falando de movimentos sociais, o cientista político Raymond Hinnebusch compilou uma lista de referências para compreender os protestos na Síria. Os textos que ele sugere explicam, por exemplo, o impacto do islamismo, do sectarismo e da desigualdade social na guerra civil que assola o país desde 2011. Raymond Hinnebusch é uma das grandes autoridades no que diz respeito à política da Síria.

No campo dos estudos de gênero no Oriente Médio, a dica é conferir a lista de leituras curada pela historiadora Judith Tucker — minha professora na Universidade Georgetown. Um dos livros que ela recomenda é “Colonial Citizens” (cidadãos coloniais), de Elizabeth Thompson. É uma obra frequentemente citada nesse campo. Thompson mostra como o mandato francês na Síria e no Líbano, instituído ali depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), lidou com as reivindicações de mulheres e das classes trabalhadoras.

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